Ah…e isso não tem relação alguma com a sua idade. Acredite!
Temos por hábito confundir maturidade com idade, porém são coisas diferentes e muitas vezes nem se relacionam. Mesmo que uma esteja na etimologia da outra, é possível encontrar pessoas com mais de 60 anos de idade com menos maturidade do que um adolescente de 15. Isso ocorre porque a vida de cada um é diferente, muitas vezes oportunizada (ou não) por experiências que possibilitam a construção de um histórico de acontecimentos variados e vão, pouco a pouco, construindo e aprofundando a nossa maturidade tanto mental como espiritual. É muito louco isso.
Aqui Fora
Aqui fora a exigência é grande. Lhe cobrarão maturidade à força e pouco importa se você tem ou não preparo para levar todas as bordoadas que a vida pretende lhe dar. Um estranho lhe dirá coisas impensáveis, lhe jogarão no peito (ou na cara) verdades inconvenientes e doloridas, você pode se apaixonar por um belga, pode se ver morrendo de amores por uma colombiana que cruzou em um hostel. Aqui fora não é brincadeira, é intenso demais, é um reality show pesado e por isso tanta gente desiste e recua.
Maturidade, maturidade e maturidade
Você vai precisar dividir apartamento com estranhos e muitas verdades estarão em cima da mesa de jantar da casa de vocês. Vai dar problema com o aluguel, seu emprego estará lhe sufocando, seu namoro à distância indo para as cucuias e as aulas estarão insuportáveis. Você vai chorar, você vai querer desistir, você vai se pegar pensando se isso tudo vale a pena. Isso vai lhe fazer bem. Nessa hora, com lágrimas nos olhos, nas bochechas e no travesseiro, você sentirá que não tem a maturidade que achava ter e isso começará a acontecer, meio que por osmose. Sem querer querendo.
Cadê a minha Maturidade?
Sem ter como escolher, você vai crescer. Vai crescer na dor e não no amor, vai crescer na marra, à força, na porrada, no choro, no cansaço, dentro de um trem, na fila onde tira os seus documentos de imigração. Vai ouvir poucas e boas, vai sentir solidão e quando estiver quase pegando no sono, de cara com a parede, com as pernas doendo de tanto caminhar no estafante dia, vai crescer. É assim que se cresce, não tem outro jeito. Além de crescer, você ainda precisa lidar com a saudade e lembre-se: ela também é parte importante no seu processo de maturação.
E os Imaturos?!
Os imaturos sofrem, muito. Sofrem porque estão com saudade e ainda não aprenderam a lidar com ela, sofrem porque as coisas não acontecem do jeito que eles esperam e isso os irrita, sentem muito mais dor com as verdades que lhes chegam como facas cravadas no abdômen, dormem mal, passam dias e dias balbuciando e reclamando. Isso vai acontecer até que haja uma ruptura, uma desistência de enfrentar a maturidade que bate, chuta e quase quebra a porta do seu eu. Morando fora você será obrigado a encontrar a maturidade, queira ou não queira.
livro “Morar Fora: sentimentos de quem decidiu partir”
E seu eu Não Conseguir?
A resposta é simples: se você não conseguir encontrar a maturidade, você vai desistir e vai voltar. Não que todos que retornaram são imaturos, longe disso, até porque por menor que seja o tempo que você more fora, você mudará. Ponto. Porém, os dias longe da sua casa, da sua cidade e do seu país podem ser repletos de agradáveis surpresas e muito aprendizado ou de sofrimento, tristeza e saudade. O que vai definir isso é exatamente o seu grau de maturidade, essa coisa que nos exigem sem dó nem piedade quando estamos longe do ninho.
Para quem Já Veio ou está Vindo
Se a sua experiência morando fora não está sendo das melhores, pare e olhe em volta. Faça uma autoanálise, fique de frente para o espelho, se enxergue, se ouça. Talvez seja a sua resistência a chegada da maturidade que esteja fazendo isso com você, porém tente relaxar e entender que isso vai acontecer, mais cedo ou mais tarde, você querendo ou não. Nesse caso não existe a opção da escolha. Aceite.
Se você ainda não saiu para a maior aventura da sua vida, não tema. Se você respeitar, compreender e aceitar a necessidade que a vida têm em lhe tornar uma pessoa madura, a dor será menor e o aprendizado valioso. Curta, aproveite cada minuto e nunca esqueça: aqui fora é tudo tão intenso, tão forte, tão rápido, tão importante que a maturidade vai lhe descer pela garganta e você só precisa decidir se vai descer como azeite de oliva ou como um gato de costas com as unhas afiadas.
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*Cláudio Abdo publica textos sobre a experiência de morar fora todas às segundas e quintas aqui no site Vagas pelo Mundo.
1 comentário
Este texto é o ponto de vista de 1 pessoa. A minha experiência não foi/é tão negativa e dolorosa. A diferença está, a meu ver, entre sair por querer, por ambição, por “wondetlust” OU sair por desespero, sair em busca de dinheiro.
Saí com 19 anos e tenho histórias incríveis de crescimento e maturidade, mas não de sofrimento, não de dor. Para mim, viver fora foi 1 escolha, 1 necessidade da minha alma que eu abracei para ser mais eu e poder sorrir mais para a vida. Não é fácil. Mas ficar no conhecido, na rotina, onde tudo é normal também não é fácil!!! Eu escolhi o percurso difícil que me faz feliz. A meu ver a diferença é essa: eu fui não para ganhar dinheiro, mas para ser feliz