Morar fora modifica a nossa personalidade e relacionamentos de qualidade podem nos ajudar e vivermos o momento presente. Suas companhias te trazem para realidade?
Se tem uma coisa a qual a maioria dos imigrantes brasileiros vivencia ao colocar o pé na estrada, são as decepções e frustrações na área da sociabilidade. Deixamos tanto para trás, que a todo momento estamos tentando nos conectar com pessoas e circunstâncias que nos devolvam o significado e que nos ajudem a nos reconhecermos no exterior. Se você pensa em morar fora ou já está vivendo essa experiência, esse texto vai te auxiliar a enxergar suas relações de um jeito diferente.
Suas companhias te trazem para realidade?
Já falamos por aqui sobre o luto migratório e o quanto ele pode impactar a nossa jornada, composto por sete perdas, um deles é o contato social. Ao colocarmos a mochila nas costas e embarcarmos rumo ao exterior, muitos de nós acabam deixando suas melhores relações para trás.
As redes sociais têm nos auxiliado a mantermos o contato a distância, mas preciso confessar que nada substitui um abraço apertado, o olho no olho e as boas sensações de estarmos fisicamente juntos, de todos aqueles que nos sentimos bem.
Consideramos como contato social todos aqueles que pertencem ao nosso raio de relacionamento, dos mais próximos ao mais distante, dos rasos aos profundos, dos íntimos aos casuais. Todo brasileiro que colocou o pé na estrada ou pensa em colocar, enfrentará esse luto e quanto mais cedo estivermos cientes desta realidade, melhor será a nossa experiência ao morarmos fora.
Ninguém está imune e todos nós podemos passar por isso de modo saudável e sem grandes abalos nas nossas emoções, o segredo consiste em fortalecermos o nosso autoconhecimento, tópico esse que também já falamos por aqui, não é?
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Como vai a qualidade das suas relações no exterior?
Esse é um tópico sensível e que precisamos pensar com carinho neles. A escassez de boas relações por vezes pode nos conduzir a relacionamentos tóxicos, abusivos, improdutivos e desnecessários. Muitos imigrantes brasileiros possuem dificuldade em aproveitarem a própria companhia e só de pensar em ficar sozinho em um final de semana, a ansiedade aumenta e os pensamentos aceleram…
Essa realidade piora quando entramos nas redes sociais e vemos a vida das pessoas que seguimos, parecem que estão todas felizes, dispostas, animadas e descansadas. Quem nunca se sentiu desanimado em ver o forte ânimo dos outros, não é? Talvez cheguemos até a pensar, “como elas conseguem?”.
Pelo baixo autoconhecimento, pela falta de filtro relacional e pela carência social, muitos imigrantes brasileiros que decidiram morar fora se veem em qual posição? Preciso sair de casa para fazer novos amigos, custe o que custar… Geralmente o que acontece? Nos frustramos, criarmos expectativas, nos decepcionamos e retiramos a cartinha “volte 10 casas e fique uma rodada sem jogar”.
Se essa realidade acontecer algumas vezes seguidas nós alcançamos o estágio do cansaço social, ou seja, passamos a ter preguiça de nos relacionarmos com pessoas novas e antigas, é ou não é?
Vida social saudável no exterior
Pensar sobre a qualidade das suas relações ao morar fora é o padrão ouro para uma sociabilidade saudável e foi pensando nisso que separei algumas reflexões para te auxiliar a perceber se suas companhias te trazem para realidade ou se elas alimentam suas fantasias:
- Quantas pessoas você considera como contato de emergência?
- Destas mesmas pessoas, você está na lista de contato de emergência delas?
- Aqueles que você considera amigos de verdade, estão disponíveis para lhe acolher em momentos difíceis?
- Quando você passa dos limites, eles são os primeiros a sinalizarem?
- Quando você insiste em erros de estimação, eles ainda acreditam que você pode fazer diferente?
- Eles conseguem enxergar através das suas dificuldades existenciais?
- Eles dão conta de respeitar seu silêncio e afastamento sazonal?
- Quando estão juntos você sente que esse é um ambiente seguro, livre de julgamentos e preconceitos?
- Por fim e talvez o mais importante, suas companhias te permitem ser quem você é em sua integralidade?
Talvez você leve meia vida para descobrir todas essas respostas. Se você achou as perguntas simples e levianas, talvez deva voltar a lê-las em um outro momento…
Nunca foi tão necessário termos companhias que nos auxiliem a colocarmos os pés no chão, ou seja, nos trazer para a realidade. A jornada migratória é repleta de surpresas e a depender das experiências que vivemos no passado e da cultura a qual escolhemos viver hoje, podemos nos perder no meio do caminho.
A psicologia nos revela que somos fruto do meio, ou seja, influenciamos e somos influenciados o tempo inteiro, mas certamente você já se deu conta disso.
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Que tipo de companhia você tem escolhido ser?
Esse tópico é dedicado à nossa autorresponsabilidade e ao nosso protagonismo. Seria um grande erro responsabilizarmos os outros pelo sucesso dos nossos relacionamentos no exterior e é por isso que lhe convido a pensar em que tipo de companhia você tem sido ao morar fora.
- Você já separou um tempo para pensar de que forma você impacta positivamente e negativamente as pessoas a sua volta?
- Você já parou para analisar como as pessoas se sentem após te conhecer?
- Sua presença traz paz ou angústia?
- Sua companhia é desejada ou por vezes rejeitada de todos os modos diplomáticos e educados?
Suas companhias te trazem para realidade?
Por vezes estamos tão carentes de pessoas para contarmos, que esquecemos de ser essa pessoa. Quando o assunto é relacionamentos casuais, algumas pessoas após o primeiro encontro decidem não entrar em contato, achando que dessa forma se mostrará muito disponível e altamente interessado, mas se todos se comportarem assim, como as conexões serão aprofundadas?
Esse exemplo que trago para vocês serve para ilustrar o quanto que antes de desejarmos algo, precisamos viver essa realidade dentro de nós.
Portanto, espero de todo coração que você possa refletir sobre suas companhias e que acima de tudo, possa avaliar a companhia que tem conseguido ser para os outros. Enquanto houver vida, temos chance de sermos melhores, por hoje…
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