Pertencente a cultura local
Pertencente a cultura local – Foto: Canva.

Morar fora nos convida a coerência e a um alinhamento sobre o que precisamos fazer no aqui e no agora. Você não se sente pertencente a cultura local?

Aqueles que escolheram morar fora vivenciam um verdadeiro desafio que é o de se sentirem pertencentes na cultura local, afinal de contas, encontrar semelhanças e afinidades longe de casa pode ser uma tarefa e tanto. Essa realidade desafia nossa saúde mental e por vezes pode ativar os nossos comportamentos autosabotadores, nos deixando a deriva nesta imensidão de oportunidades que o viver no exterior nos proporciona. Se você sente que está lutando contra você mesmo e sobre sua permanência fora do Brasil com qualidade, então vamos comigo até o fim deste texto. 


Você não se sente pertencente ou não quer pertencer a cultura local?

Muitos brasileiros que colocaram o pé na estrada não realizaram um plano migratório, ou seja, tomaram a decisão de partir, arrumaram as malas e entregaram-se a própria sorte. Essa é uma prática arriscada a qual não recomendo a ninguém e posso explicar.

Morar em um novo país não deve ser encarado como algo simples, fácil e pouco importante. Pelo contrário, é uma escolha complexa, difícil e de altíssima importância. São tantas perdas inerentes a tudo isso, que talvez não morar fora seja tudo aquilo que você não precisa se expor.

Cientificamente está comprovado que morar fora destina-se a jovens e pessoas emocionalmente saudáveis, os autores preconizam que são tantos ajustes necessários, que aqueles que pertencem a outros grupos, podem apresentar uma certa dificuldade de adaptação e flexibilização ao longo da jornada.

O que não quer dizer que essas mesmas pessoas não possam tentar vivenciar a experiência migratória. Mas que eles precisarão de mais recursos para manter as emoções estáveis e os comportamentos funcionais.

Qual o seu legado ao morar fora? Como deixar a sua marca no mundo 

Morar fora é uma jornada que exige confiança

Se você está pensando em sair do Brasil e em sua mente permeiam muitas dúvidas, então esse é um sinal que seu plano migratório deve ser refinado. Morar fora é uma jornada que exige confiança, clareza, segurança, inteligência, organização, planejamento e poder de ação.

Se você tem receio de deixar tudo para trás, de afastar-se dos seus familiares, de não ter mais contatos com seus amigos, de abrir mão da sua carreira e de se arrepender, lembre-se que um Psicólogo Intercultural pode ser consultado, assim você poderá compreender o que pode realmente fazer sentido e o que talvez deva ser diluído.

Qual foi a última vez que você se sentiu cuidado no exterior?

Pertencente a cultura local no exterior

Passamos a nos sentir pertencentes na cultura anfitriã quando ultrapassamos a fase de lua de mel. Ou seja, aqueles meses iniciais onde tudo nos encanta e quando adquirimos resistência ao choque cultural. É aquele momento onde o que acreditamos, gostamos e preferimos, choca com as práticas do novo país que escolhemos viver.

Após esse momento a nossa mente vai desacelerando, o nosso coração se acalmando e nos damos conta de que é possível vivermos em paz onde estamos. Se após alguns anos no exterior você ainda não se sente pertencente à cultura local, gostaria que você soubesse que existem estratégias específicas para que sua vida possa fluir no exterior. 

Enquanto Psicólogo Intercultural eu atendo homens imigrantes em diversos países e uma das coisas que mais percebo entre eles é a falta de conhecimento e estratégia para sentirem-se pertencentes onde estão.

Alguns comportamentos comuns são:

  • Trabalhar muitas horas e não ter tempo para curtir o país.
  • Passar muitas horas em deslocamento para o trabalho e não ter tempo para fazer atividade física.
  • Não ter uma noite com um sono reparador, logo se sentirão mais cansados e ansiosos.
  • Não priorizarem uma alimentação saudável com uma suplementação necessária.
  • Não valorizar o tempo com a família e acreditar que os vínculos se fortalecerão sozinhos.
  • Escolher ir sempre nos mesmos lugares e não se expor a novos ambientes e relacionamentos.
  • Excluir-se de atividades coletivas pelo receio de não se sentir aceito.
  • Manter relacionamentos sociais com pessoas que reclamam da cultura anfitriã o tempo inteiro.
  • Não enxergar os próprios privilégios conquistados e manter-se conectado a tudo aquilo que está “fora do controle”. 

Caso você tenha se identificado com alguma das realidades acima, compreenda que isso pode comprometer o fluxo de pertencimento no país em que você decidiu viver.

Sua saúde mental está em risco no exterior e você nem se deu conta

Morar fora exige muito de nós: faça boas escolhas

Morar fora exige muito de nós e precisamos reconhecer. Eu vivo em Portugal há meia década e os dois primeiros anos foram muito desafiadores.

Estava vivenciando o meu mestrado em meio ao evento que impactou o mundo inteiro e durante aquele período eu não pude colocar muitas das coisas que eu oriento por aqui. Entretanto, após aquela tempestade eu tive a chance de implantar cada estratégia de pertencimento. Hoje posso dizer a vocês que me sinto completamente pertencente onde estou e muito feliz pelas escolhas que fiz no passado. 

Sentir-se pertencente ao morar fora é possível e estou aqui como prova viva. Muitos de nós, sem perceber, acabam boicotando-se e se colocando em lugares onde o pertencer é praticamente impossível, como por exemplo; trabalhos tóxicos, áreas residenciais perigosas, instituições de ensino pouco inclusivas, relacionamentos afetivos abusivos. E por vezes, escolhem não trabalhar a saúde física e mental, por acreditar que não precisam…

Quando o dia começar mal, seja mais flexível

Pertencendo ao exterior em 5 passos decisivos 

  • Fortaleça sua saúde mental, quando você entende quem se tornou, você abandona sua versão que não é mais necessária; 
  • Faça novas escolhas e rompa com padrões antigos: muitos brasileiros no exterior sentem que vivem em um eterno looping. Ou seja, vivem a mesma vida, todos os dias, sem parar. Se dar conta disso lhe trará um novo movimento, aprenda a fazer novas escolhas; 
  • Renuncie àquilo que não funciona para o seu Eu de hoje: seja trabalho, relacionamentos, práticas e pensamentos. Prender-se a quem se era é o caminho mais rápido para não evoluir;
  • Desenvolva sua inteligência intercultural: quanto mais você conhecer sobre o processo migratório, mais clara ficará a sua jornada, diminuindo assim a sua confusão mental e emocional;
  • Encontre suas novas forças: enquanto se sentir fraco longe de casa e não merecedor, sua vida continuará estagnada. Compreender do que se é capaz e nos alinharmos ao nosso propósito vai lhe trazer uma vida enriquecedora. 

Portanto, nunca esqueça que todos nós temos potencial para viver a vida que sonhamos, a depender das escolhas que fez no passado você pode estar mais longe ou mais perto desta realidade, mas ainda sim no caminho. Conecte-se a você e avance em prol daquilo que mereces viver, sinta-se pertencente a cultura local e busque fazer novos amigos locais. Você verá a diferença!

Morar fora: as estações do ano e seus ensinamentos emocionais

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*Ouça também o Podcast Partiu Morar Fora, com Amanda Corrêa e Claudinho Abdo. Disponível no Spotify e em várias plataformas:

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Vitor Luz possui formação em Jornalismo e Psicologia e ao longo da sua trajetória profissional pode se dedicar à busca de novos conhecimentos e fez uma formação em Inner Vision, Programação Neurolinguística – PNL e Certificação Internacional em Master Coaching Mentoring e Holomentoring – ISOR. Atualmente mora na cidade do Porto, onde aprofunda seus estudos em psicologia em um Doutorado na Universidade do Porto, além de possuir especialização em Psicologia Intercultural, proporcionando um acolhimento ajustado às necessidades daqueles que moram no exterior. Ele realiza atendimentos exclusivamente online, com clientes espalhados pela América, Europa, Ásia e Oceania, acolhendo imigrantes e expatriados brasileiros que busquem ressignificar perdas e aprimorar suas formas de se relacionar consigo mesmo e com os outros.

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