readaptaria ao Brasil
Readaptaria ao Brasil – Foto: Canva.

Muito se fala sobre o morar fora, mas regressar a nossa terra natal tem sido uma realidade de muitos brasileiros. Será que eu me readaptaria ao Brasil?

Há quem coloque o pé na estrada para arriscar, há que decida partir para não voltar e há aqueles que precisam experimentar e então decidir se vale ou não a pena ficar. Com ou sem plano migratório muitos brasileiros que colocaram o pé na estrada podem se perguntar em algum momento da jornada como seria se precisassem regressar ao Brasil, será que seria possível nos readaptarmos? Se esse pensamento já passou pela sua cabeça, então vamos juntos até o fim deste texto.

Será que eu me readaptaria ao Brasil?

Eu vivo em Portugal desde 2019 e meu plano migratório foi construído um ano antes, que permeou a escolha do país, da cidade, da região para morar, da instituição de ensino para estudar, da adaptação da minha carreira, do ajustamento financeiro e certamente o mais importante, do trabalho intercultural voltado a minha saúde mental.

Diferente do que aconselho para meus clientes hoje, eu não tive a chance de fazer uma jornada exploratória, eu apenas pesquisei o máximo que pude na internet. Me aproximei de influenciadores que viviam por aqui e troquei ideias com amigos que já haviam decidido morar fora, em especial nesta cultura. 

Já conversamos aqui sobre a necessidade da construção de um bom plano migratório, do quanto que ele expande nossa consciência sobre o que enfrentaremos, do quanto que ele antecipa cenários desafiadores os quais já podemos nos preparar e do quanto que ele sinaliza a vida que poderemos vir a ter, se tudo der certo.

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Adaptação cultural é um fator decisivo?

Há também um grupo de pessoas que possuem uma dificuldade com organização, planejamento e execução. Por isso, visualizar a vida no exterior se torna mais um exercício de projeção e fantasias, do que propriamente dito algo próximo da realidade. 

A medida que os anos vão passando a humanidade vai cobrando ajustes, às políticas migratórias vão sendo atualizadas e aqueles que decidem morar fora precisam fortalecer ainda mais a sua inteligência intercultural. Com o objetivo de reduzir o estresse aculturativo e expandir as possibilidades de adaptação cultural a onde quer que decidam viver.

Já se foi o tempo em que o processo migratório era fácil e realizado de qualquer jeito, porque alguém simplesmente nos convidou para viver no exterior e se essa realidade ainda paira em sua cabeça, deixo aqui a recomendação de que você possa ampliar a sua visão sobre o migrar e o viver longe de casa. 

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Adaptação cultural longe de casa

A literatura aponta que podemos levar uma média de dois anos para nos sentirmos adaptados em uma nova cultura. Essa realidade pode variar muito, dependendo da cultura de onde você partiu, do país em que escolheu viver, como se deu seu processo migratório. Qual seu nível de escolaridade, a qual profissão você se dedica, quais os traços da sua personalidade, em que faixa etária se encontra durante a migração e como está sua saúde física e emocional.

Alguns teóricos dizem que a migração se destina a jovens saudáveis, pois são tantos ajustes necessários ao longo do caminho, que aqueles que estão fora desta zona podem encontrar mais desafios para adaptar-se ao morar fora. 

Escrever essas palavras para vocês me faz lembrar da minha jornada há cinco anos e meio, onde fiz muita coisa ao mesmo tempo pela primeira vez; saído da casa dos meus país, mudado definitivamente de país, ingressado em um mestrado.

Além de compartilhar casa com amigos, administrar um orçamento familiar, fazer supermercado, faxinar meu próprio espaço e como se não bastasse, viver um evento que abalou o mundo inteiro, que me isolou de tudo aquilo que fazia algum sentido para mim.

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Os dois primeiros anos no exterior: dificuldades

Os meus primeiros dois anos de adaptação no exterior foram dificílimos, realidade essa que me fez questionar se eu tinha tomado a decisão certa, o que é que eu estava fazendo e se tudo aquilo valia a pena… 

Os anos se passaram e com eles a tempestade também se foi, memória essa que não me deixa esquecer que tudo passa, tudo!  

Hoje considero a minha experiência migratória bem-sucedida, pois tenho a chance de ter qualidade de vida, uma rede de apoio poderosa, tenho um trabalho alinhado ao meu propósito e consigo, na grande maioria das vezes, ter uma vida equilibrada e sem excessos.

Posso confessar que me sinto adaptado à cultura portuguesa, me sinto acolhido pelos portugueses e isso para mim é motivo de muita gratidão. 

Será que eu me readaptaria ao Brasil?

Existe um pensamento que volta e meia passa em minha mente, “como seria minha readaptação ao Brasil se por algum motivo precisasse regressar?”. Talvez ele surja com frequência, pois como todo bom psicólogo intercultural, nós também somos atravessados pelas dores dos nossos clientes no exterior.

Quando estou diante de um brasileiro no exterior nunca me deixo esquecer que é uma conversa de imigrante para imigrante e que na grande maioria das vezes nós estamos no mesmo barco, vivendo lutas parecidas e compartilhando dores similares. 

A literatura aponta que a repatriação, ou seja, o regresso a nossa terra natal é considerado como uma nova migração, ou seja, também precisaremos de um tempo para tentarmos nos readaptarmos.

Eu usei a palavra “tentarmos”, porque é exatamente isso que devemos ter em mente, pois a depender da cultura anfitriã em que você viveu, talvez você encontre muita dificuldade em se sentir em casa novamente. Quanto mais distante forem os avanços culturais entre os países em que você está transitando, maiores serão os desafios. 

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A volta pode precisar de vários ajustes

Imagine um sujeito que mora em Dubai onde para abastecer o carro ele precisa apenas fazer um agendamento no celular e ao acordar o veículo já está devidamente abastecido na garagem e caso ele decida regressar para uma cidade no interior do Brasil, onde para realizar a mesma transação ele precisa se deslocar a um posto de combustível com um frentista… Esse é um exemplo simples, mas real de uma infinidade de circunstâncias que podem dificultar a nossa readaptação a nossa terra natal. 

Essa é uma realidade que muda de pessoa para pessoa, sempre considerando os interesses pessoais e prioridades. Eis aqui a importância de fortalecermos o nosso autoconhecimento, tanto para termos clareza do que está acontecendo, quanto para nos sentirmos fortalecidos diante das tomadas de decisões que a vida nos impõe.

Se você sente que o seu processo de readaptação ao Brasil pode ser um problema para você, lembre que um psicólogo intercultural pode ser consultado, assim você poderá de forma acompanhada, fortalecer a sua jornada de regresso. Você readaptaria ao Brasil? Deixe sua opinião nos comentários.

Aproveite para ler também: Como seria sua vida hoje se tivesse feito escolhas melhores no passado?

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Vitor Luz possui formação em Jornalismo e Psicologia e ao longo da sua trajetória profissional pode se dedicar à busca de novos conhecimentos e fez uma formação em Inner Vision, Programação Neurolinguística – PNL e Certificação Internacional em Master Coaching Mentoring e Holomentoring – ISOR. Atualmente mora na cidade do Porto, onde aprofunda seus estudos em psicologia em um Doutorado na Universidade do Porto, além de possuir especialização em Psicologia Intercultural, proporcionando um acolhimento ajustado às necessidades daqueles que moram no exterior. Ele realiza atendimentos exclusivamente online, com clientes espalhados pela América, Europa, Ásia e Oceania, acolhendo imigrantes e expatriados brasileiros que busquem ressignificar perdas e aprimorar suas formas de se relacionar consigo mesmo e com os outros.

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