Comportamentos que minam sua saúde mental
Comportamentos que minam sua saúde mental – Foto: Canva.

Repetir determinados padrões comportamentais podem tornar a jornada migratória estressante e desafiadora. Quais comportamentos você tem tido?

Morar fora tem se tornado uma decisão dramática à medida que o tempo vai passando, como se não bastasse todos os desafios que nos são conferidos automaticamente quando saímos do Brasil, agora precisamos lidar com realidades as quais jamais imaginamos.

Três comportamentos clássicos que minam sua saúde mental no exterior

Existem alguns comportamentos clássicos que boa parte dos brasileiros adotam longe de casa e nem desconfiam o quanto a saúde mental é minada ao longo dos dias. Praticar o autoconhecimento é a chave para viver uma vida plena a onde quer que estejamos, não há escapatória, cada um ao seu tempo. 

Decidi colocar o pé na estrada em setembro de 2019, desembarquei em Portugal para fazer mestrado em Psicologia. Mas meu plano migratório começou um ano antes. Na altura tive a oportunidade de escolher o país, a cidade, a instituição de ensino e a região para viver.

Após ser aprovado no processo seletivo da universidade solicitei meu visto no consulado português em Pernambuco e após dois meses já podia viajar. Fiquei de olho nas passagens aéreas, na esperança de conseguir o melhor preço, mas elas só aumentavam. Então resolvi comprar logo e chegar antes das aulas começarem, desta forma teria chance de arrumar a casa, conhecer a localidade e estabelecer uma rotina. 

Minha transição migratória para Portugal contou com uma profissional que trabalhava com relocation, um serviço muito comum na Europa, que assessora recém-chegados a se realocarem na nova cultura. Costumo orientar que todos aqueles que migram devem encontrar alguém que possa realocá-lo, pois facilita muito na adaptação local. Nos orienta sobre como agirmos, aonde irmos, o que fazermos e principalmente, o que não praticarmos.

Minhas primeiras semanas em Portugal foram repletas de aventuras, momentos dramáticos e descobertas, circunstâncias essas que me ensinaram que alguns comportamentos deveriam ficar no Brasil e que precisaria abrir meu coração para acolher a nova cultura, a nova terra a qual escolhi viver. 

Encontrando respostas no silêncio ao morar fora

Saímos do Brasil, mas o Brasil não saiu de nós

Algo muito comum de encontrarmos na vida dos brasileiros no exterior é viver com um pé no Brasil e outro na nova cultura. Muitas vezes sem percebermos agimos como se estivéssemos “em casa”, impondo nosso jeito de ser ao outro e esperando que todos nos compreendam e aceitem como somos.

Preciso convir que seremos brasileiros a onde quer que cheguemos. Mas quando estamos na terra dos outros, jamais devemos nos esquecer de buscarmos nos adaptar a cultura local, em respeito ao povo e suas tradições.

Vitor Luz, psicólogo.

Certamente você conhece alguém que fala “eu sou assim e não vou mudar, porque eles não podem me aceitar assim e esperam que os aceitem como são…”. É aqui onde percebemos que a inteligência cultural precisa ser expandida, pois quando estamos em uma casa que não é nossa, o mínimo que podemos fazer é respeitar a forma como decidiram ser. 

Comportamentos no exterior

Existem três comportamentos inconscientes clássicos que enfraquecem a sua saúde mental e você ainda não se deu conta:

1. Comparação cultural persistente

Quem nunca hein? Esse é um comportamento natural no início da migração, tendemos a comparar as diferenças culturais. Às vezes, sendo mais tendenciosos para uma, do que para outra, mas ainda assim comparamos. O que muda é o passado que tivemos no Brasil e o presente na cultura anfitriã, sem percebermos buscaremos algumas explicações para nos convencer se tomamos uma boa decisão ou não.

O perigo deste comportamento consiste quando ele resiste ao longo dos meses, ou seja, se após o primeiro ano ainda continuo comparando as culturas isso significa que talvez não esteja tão bem adaptado e tão bem resolvido com a minha escolha de morar fora.

É aqui onde surgem as reclamações, as críticas e a não aceitação daquilo que se é, nos tornando uma companhia insuportável para a maioria das pessoas.

Talvez você não seja tão importante assim: perrengues no exterior

2. Não abertura a cultura local

Parece inocente, mas é mais tóxico do que nosso julgamento sobre os outros. Muitos brasileiros decidem colocar o pé na estrada para viverem uma vida diferente, livre, segura e pacífica, mas já reparou que muitos, sem perceber, reproduzem a vida que tinham no Brasil? Vão aos mesmos lugares, compram as mesmas comidas, falam com as mesmas pessoas e se envolvem nos mesmos problemas.

Certa vez estava entre amigos e uma delas, brasileira, comentou “não gosto de Portugal, muitas coisas não fazem sentido pra mim, mesmo morando aqui há mais de 7 anos…”. E minha outra amiga portuguesa respondeu “Ué, como você vai gostar da cultura local se você não sai de casa e não se envolve…”.

Voltei pra casa pensando que não me abrir a cultura local turva minha visão sobre o que pode ser ou não bom para mim.

3. Estar carente nos coloca em apuros emocionais

Ai ai ai deixei o melhor pro final, porque cada um de nós possui algum tipo de carência; afetiva, social, profissional, financeira, espiritual, energética, sexual e até mesmo nutricional… Não dá pra deixar de ser carente, mas o que dá é aprendermos a nos nutrir para possuirmos uma carência controlada.

Quando estamos vazios nos colocamos em situações difíceis, constrangedoras e muitas vezes perigosas. É na carência que confundimos atenção com desejo, educação com paquera, interação nas redes sociais com segundas intenções, ausências com afrontas e timidez com desinteresse. É aqui onde a gente rir de nervoso, não é? Eu estou ligado, rs rs. 

Existem estratégias para superar esses comportamentos

Se você se identificou com algum dos três comportamentos ou até mesmo com todos eles, gostaria que você soubesse que existe uma vida diferente e que para cada um deles há um tratamento e estratégias eficazes para superá-los.

Quando negligenciamos o cuidado com a nossa saúde mental a nossa existência ao morar fora fica mais pesada e lá na frente refletiremos se continuar no exterior é para nós, afinal tudo está tão difícil, não é? Que você possa buscar o autoconhecimento e aprender a se dominar, entendendo quem está se tornando e quais são suas possibilidades de vir a ser amanhã. Pense nisso com carinho!

*Assista o vídeo do Claudinho Abdo sobre liberdade de fazer escolhas ao morar fora:

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Vitor Luz possui formação em Jornalismo e Psicologia e ao longo da sua trajetória profissional pode se dedicar à busca de novos conhecimentos e fez uma formação em Inner Vision, Programação Neurolinguística – PNL e Certificação Internacional em Master Coaching Mentoring e Holomentoring – ISOR. Atualmente mora na cidade do Porto, onde aprofunda seus estudos em psicologia em um Doutorado na Universidade do Porto, além de possuir especialização em Psicologia Intercultural, proporcionando um acolhimento ajustado às necessidades daqueles que moram no exterior. Ele realiza atendimentos exclusivamente online, com clientes espalhados pela América, Europa, Ásia e Oceania, acolhendo imigrantes e expatriados brasileiros que busquem ressignificar perdas e aprimorar suas formas de se relacionar consigo mesmo e com os outros.

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