Morar fora nos coloca em uma posição de vulnerabilidade e precisamos de estratégias poderosas para manter a estabilidade emocional no exterior. Você está vivendo um caos emocional?
Se tem uma coisa a qual aprendemos assim que colocamos o pé na estrada é que seremos responsáveis pelos nossos próprios problemas e teremos pouquíssimo suporte para lidar com cada um deles. Com tantas frentes que precisamos lidar, parece que os brasileiros que decidiram morar fora estão se sentindo esgotados e na grande maioria das vezes, instáveis emocionalmente. Estar atento às variações emocionais durante a nossa jornada migratória será um comportamento decisivo para nos mantermos estáveis emocionalmente longe de casa.
Como manter-se estável em meio ao caos emocional no exterior
Aqueles que já tiveram a chance de passar por um processo terapêutico já aprenderam que existem coisas que passam despercebidos pelo nosso radar de atenção. Ou seja, circunstâncias que nos estressam, que nos deixam ansiosos, que despertam medo, que engatilham nossa insegurança, que nos traz indecisões e por vezes, podem até nos paralisar.
Falando de modo mais profissional, tudo isso acima pode não ser identificado pelo nosso estado consciente, mas não tenha dúvida que o nosso inconsciente captou tudo…
Enquanto Psicólogo Intercultural, tenho um privilégio de acompanhar brasileiros imigrantes no exterior e tem uma circunstância que sempre aparece nos atendimentos, que é a falta de conexão entre corpo, mente e espírito.
Por vezes estamos tão acelerados que não nos damos conta que estamos nos fragmentando ao longo da nossa experiência ao morar fora. Para exemplificar um pouco disso imaginem comigo; quantas vezes a sua respiração ficou alterada para sinalizar que você precisava desacelerar? Quantas vezes sua pressão subiu para lhe revelar que talvez você esteja pegando pesado demais?
Com que frequência sua coluna mostrou não suportar a carga que carregas? Quantas vezes você perdeu noites de sono pelas preocupações do dia seguinte, sem nem sabe se acordaria no outro dia? Cabelos caindo, unhas quebrando, pés rachados, pele seca, olheiras profundas… Esses são alguns sinais que precisamos de ajuda urgente, mas já reparou que por vezes nem assim nos damos conta?
Frustração no exterior: as pessoas agirão diferente do que você espera e está tudo bem
Sobrecarga emocional no exterior
Por mais “terapeutizado” que possamos estar, com um mindfulness em dia, fazendo yoga duas vezes por semana e atentos a tudo aquilo que pode nos comprometer emocionalmente, ainda assim podemos nos sentir ansiosos, estressados, inseguros e amedrontados.
Ser imigrante no exterior não é uma tarefa fácil e exige muito de nós. Já falamos por aqui sobre o luto migratório e como as perdas podem nos desfocar, também já refletimos por aqui sobre como o nosso baixo autoconhecimento nos coloca em uma posição de completo desconhecimento de quem éramos, quem somos e de quem podemos ser. Também já conversamos sobre a eterna necessidade de pertencimento que sentimos quando estamos longe de casa.
Não tem hipótese dessa realidade não nos impactar emocionalmente e atenção, não pense que um bom salário, um bom emprego, um bom local para viver, uma família saudável e uma vida minimamente organizada lhe deixará imune às variações emocionais. Sempre trago para minha mente, “há dias e dias…”, então devemos lidar com um dia de cada vez, assim como os problemas que surgirão ao longo do caminho.
Aqueles que decidiram morar fora sabem da tranquilidade que é estar vivendo em um país de modo regular, com o visto em dia, quando não é o caso de termos uma cidadania resolvida, mas e aqueles que não conseguem se regularizar?
E aqueles que precisaram sair de seus países às pressas e perderam seus documentos ao longo do caminho? E aqueles que pela necessidade de uma vida mais segura, precisaram fugir de suas realidades para tentarem a vida em uma terra distante e por algum motivo, não conseguem resolver as próprias questões burocráticas? Será que essas circunstâncias não podem alterar a nossa percepção da realidade e nosso relacionamento com nossas emoções?
Entenda como a resiliência pode auxiliar a sua permanência no exterior.
Caos Emocional no exterior: Estabilidade Emocional e Seu Preço
Talvez você esteja lendo esse texto e pode estar pensando, “estabilidade não existe…”. Muitos profissionais estão pregando esse discurso, mas será que quando falamos sobre nossas emoções e pensamentos, isso também se aplica?
Compreenda que essa estabilidade que trago para vocês seria o antagonismo de instabilidade emocional. Ou seja, nos estressar com facilidade, qualquer coisa nos deixa ansiosos, lidamos com a frustração de modo infantil. Temos dificuldade em enxergar as coisas com clareza, tendemos a responsabilizar as pessoas pelos nossos erros e por fim, achamos que as pessoas nos devem alguma coisa…
Como encontrar o equilíbrio interno
Gostaria de compartilhar com você que é possível encontrarmos equilíbrio emocional ao morar fora e superar o caos emocional. Pensando nisso, eu trago alguns desafios para os próximos dias, para lhe auxiliar no reequilíbrio interno:
- Quais são as áreas da sua vida que já sinalizaram em vermelho e você insiste em continuar do mesmo jeito?
- Quem são as pessoas que você precisa se afastar porque elas lhe cobram ser uma pessoa que você não é?
- O que você precisa eliminar da sua vida porque isso é caro demais para sua paz?
- Quem controla sua vida e até quando isso permanecerá assim?
- Se você é infeliz no trabalho, por que ainda faz o que faz? Certa vez aprendi “não existe só uma forma de ganhar dinheiro…”.
- O que tens insistido em fazer que enfraquece sua autoconfiança, autoestima e autorresponsabilidade?
- Se seu relacionamento afetivo não funciona mais, você segue insistindo por pena, egoísmo, apego ou todos juntos?
- Por fim, por que continua fazendo escolhas e tomando decisões que são contrárias a vida que você tanto deseja?
Essas reflexões são poderosas e lhe auxiliarão a pensar na própria vida, uma tarefa difícil e pouco praticada ultimamente. Então esse é um convite genuíno da minha parte, para você que decidiu morar fora. Foque na sua estabilidade emocional para que o seu plano migratório não seja comprometido sem você perceber.
Dizem que uma das melhores formas de matarmos um sapo é deixá-lo bem à vontade em uma água fria e ir esquentando aos poucos. Quando ele se dá conta a água ferveu e ele não teve chance de escapar. Por isso, te pergunto: Em qual água morna você tem vivido e nem percebeu?
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