Compreender os próprios sentimentos e sensações vai te ajudar a viver uma melhor experiência no exterior. Descubra como lidar com a inveja ao morar fora.
Ao longo do tempo a inveja foi tão discriminada que tentamos atribuir cores, tamanhos e formatos, a fim de torná-la mais leve, adaptável e, quem sabe, aceitável. Aqueles que decidiram morar fora conhecem os sabores e dissabores de manter-se longe de tudo e de todos, assim como também acompanhamos a vida daqueles que vivem um estilo de vida diferente do nosso, mas será que realmente conseguimos nos alegrar e respeitar as conquistas daqueles a nossa volta? Vamos comigo até o fim deste texto e vamos tentar compreender o que se passa em nossas mentes e corações.
Como lidar com a inveja ao morar fora
Para termos consciência da nossa própria vida, vocês sabem que sempre reforço a necessidade de darmos nomes aos bois e de compreendermos seus sentidos e significados. Então para falarmos sobre a inveja que podemos sentir ao morar fora, precisamos dar conta do que ela realmente é, até para sabermos se um dia já a sentimos e se ela persiste em nossas vidas.
Compreende-se por inveja o simples desejo de possuirmos algo de alguém ou de usufruirmos de uma experiência a qual ela está desfrutando, ou seja, passamos a cobiçar aquilo que alguém, próximo ou distante, tem ou vivencia, e para os que acreditam e consideram, ela ocupa a terceira posição na lista dos 7 pecados capitais.
Para não deixarmos essa reflexão rasa ou pouco importante, sinto a necessidade de trazer a base científica para essa conversa, afinal de contas, você leitor do Vagas pelo Mundo, preza pela profundidade de conhecimento e seriedade das informações, não é?
O comportamento da inveja não é aleatório e a ciência explica, o cérebro do invejoso possui um funcionamento dual, entre dor e prazer. A mesma região que é ativada pela dor física, também é estimulada pela inveja, o córtex cingulado, circunstância essa que explica o porquê do sofrimento e por vezes o surgimento de reações físicas.
Quando o invejoso percebe que a pessoa invejada está em apuros ou passando por algum desafio, suas emoções ativam a região estrial ventral do cérebro, o que se conecta ao processamento dos sentimentos de prazer.
Segundo o neurocientista japonês Hidehiko Takahashi, do Instituto Nacional de Ciência Radiológica (Tóquio), que analisou 20 jovens de ambos os sexos, concluiu que a inveja surge da comparação entre pessoas semelhantes, com o mesmo sexo, idade e profissão, conectando-se de forma íntima a inferioridade.
Cuidado em quem você confia: 99 X 1
Inveja “saudável” x nociva
Talvez você esteja se perguntando neste momento, “será que existe inveja saudável e inveja nociva, ou a inveja por si só já é terrível?”.
Preciso destacar que a inveja pode ter uma perspectiva positiva / saudável, principalmente quando contemplamos a conquista de alguém que gostamos ou nem tanto e isso nos auxilia a termos motivação, foco, determinação e coragem para avançarmos e conquistarmos. Neste momento você sentiu inveja, mas não foi destinada ao mal do outro.
Consideramos como inveja nociva quando o invejoso pratica alguma ação contra o outro, ou seja, quando nos empenhamos para que o outro não prospere ou viva uma vida diferente da nossa. Outro comportamento clássico é quando tentamos comprometer a imagem de quem invejamos e assim reduzir o seu status.
O nível patológico surge quando fazemos uso da calúnia, perseguições e por vezes desejamos a morte de alguém. Nível esse que podemos entrar em um espiral autodestrutivo e nos percebermos depressivos e com pensamentos suicidas.
Morar fora: lá longe todo mundo é feliz.
Será que você é invejoso?
Após compreendermos o que é inveja, como ela pode surgir em nossa vida, chegou o momento de compreendermos se somos invejosos morando fora. Então separei algumas perguntas para vocês:
- Quando alguém próximo consegue uma promoção no trabalho e você não, mesmo sendo mais qualificado para isso, como se sentes?
- Quando seus amigos são “felizes no amor” e você ainda não encontrou alguém para compartilhar seus dias, mesmo se sentindo uma pessoa interessante, como se sente?
- Quando pessoas próximas viajam todos os meses para os países próximos e você não entende como eles fazem isso, como se sente?
- Perceber que seus colegas de pós-graduação se saem melhor em algumas disciplinas e você tem um baixo desempenho, como se sente?
- Perceber que seus amigos tem mais qualidade de vida que você te coloca em uma posição de desconforto ou de conforto?
- Seus familiares do outro lado do oceano estão sempre reunidos no final de semana e você é o único distante, como se sente?
- Os amigos que são fitness e possuem uma mentalidade mais desenvolvida, quando o assunto é boa forma e consciência alimentar, como se sente?
- Quando o assunto é sociabilidade, sempre conhecemos alguém que é muito expansivo e “amigão da galera”, quando você olha para essa habilidade, como se sente?
- Para os desenvolvidos, criativos e evoluídos sexualmente, como se sente quando escuta as diferentes histórias?
Esses questionamentos foram retirados de casos reais, que acontecem ao longo da nossa vida, mas que muitas vezes não percebemos que podemos sentir inveja de determinadas realidades. Que essas perguntas possam lhe permitir uma reflexão profunda sobre como você enxerga o mundo ao seu redor e como se sente em relação a situações corriqueiras do dia a dia.
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Inveja ao morar fora: como combater a inveja
Não há nada mais poderoso do que o autoconhecimento, quanto mais soubermos quem somos, mais distantes estaremos das ilusões e fantasias. Então separei algumas dicas práticas para que você possa executar e ver como se sente:
- Cada um possui a sua jornada, morar fora é um caminho solitário e ao longo do caminho encontraremos pessoas que também estão caminhando, atenha-se a sua história;
- Não use a régua dos outros para medir seus esforços e resultados, seja generoso e respeitoso com sua própria história;
- A competição e comparação talvez façam parte do seu imaginário, não caia na ilusão de pensar que existe alguém competindo com você;
- Cuidado com a forma como interpreta as coisas, talvez você tenha entendido tudo errado;
- O julgamento não é uma arte que devemos desenvolver, afinal de contas, estamos tão por fora da vida dos outros, que a melhor coisa a fazermos é dar conta da nossa própria vida, que venhamos, já dá muito trabalho;
- Cuidado ao se igualar aos outros, talvez vocês não estejam na mesma estação. Por pertencermos a realidades diferentes, é natural que os resultados também o sejam;
- A mesma energia que colocas para observar a vida do outro, é a mesma que poderia colocar na sua própria. Se você não se distraísse, onde estarias agora?
- Acalme a mente o coração, às vezes precisamos fazer um detox de redes sociais e de certos relacionamentos, para compreendermos o quanto somos influenciados o tempo todo.
Portanto, se você se identificou com esse assunto e percebe que tem muita dificuldade em lidar com a inveja morando fora, entenda que não precisa passar por isso sozinho. Ser acompanhado por um psicólogo intercultural, que também vive o processo migratório, diariamente, pode te ajudar a compreender melhor essa realidade.
Ao deixarmos a assistência para depois, podemos continuar adoecendo sem nos darmos conta e com isso vamos nos perdendo de quem somos. Aprenda a cuidar de você!
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