Regressar para casa deve ser a primeira alternativa se sua saúde mental estiver comprometida. Como anda sua experiência migratória?
Certamente você já se deu conta que o tempo está voando e que quase dois meses já se passaram. Estamos tão ocupados e no modo automático que parece que não percebemos o relógio avançando e muitas realizações ficando para trás. Nunca estivemos tão conectados ao que precisa ser feito, focado em métricas, resultados e mais ganhos, mas como vai sua saúde mental?
Morar fora pode comprometer as suas emoções e pensamentos e foi pensando nisso que essa reflexão foi produzida, vamos juntos até o final e espero sinceramente que você possa ressignificar a sua experiência migratória.
Se sua experiência migratória não é mentalmente saudável, retire-se
Ao longo do nosso desenvolvimento aprendemos que devemos ser persistentes, corajosos, destemidos, ousados, ambiciosos, determinados e nunca aceitar um não, mas quem nos preparou ou orientou a fortalecermos a nossa saúde mental contra as frustrações, tristezas, medos, saudades, inseguranças e ausência de suporte?
Morar fora reúne esses dois universos, aquele o qual passamos uma vida sendo treinados e outro que nos afastamos ao passo que nos tornamos especialistas em sermos como uma máquina.
Quando ouvimos a expressão “regressar para casa”, parece que nossa ansiedade, estresse e medo são automaticamente ativados, como uma espécie de gatilho. Um assunto que temos dificuldade em lidar e que parece que ninguém fala sobre ele, “vai que atrai más energias…”.
Nós cogitamos muitas possibilidades quando o assunto é morar fora, aceitamos subempregos, nos submetemos ao desrespeito, enfrentamos a xenofobia, acolhemos a indiferença e por mim guardamos para nós a forma como nos sentimos.
Em algum momento ao longo da sua jornada após colocar o pé na estrada, você se sentirá sozinho, cansado, desanimado, frustrado, sem esperança, inseguro e desconfiado de tudo e todos. Essa realidade pode ser vivida em diversas intensidades, mais cedo ou mais tarde ao decidir morar fora, mas não se assuste, isso lhe auxiliará a evoluir, a magia está contida na adversidade.
Compreenda que nada precisa ser fácil ou tranquilo, mas que haverão dias e dias e se sua flexibilidade emocional te permitir acolher e lidar com isso, sua experiência migratória será satisfatória e saudável.
Morar fora pode ser mais difícil do que se imagina.
Quando é hora de regressar para casa?
Talvez neste momento você esteja se perguntando, “mas se minha experiência migratória não for saudável e minha saúde mental estiver comprometida, preciso realmente regressar para casa?”.
A resposta é complexa e só você pode avaliar, compreenda que morar fora é uma escolha e que desfrutar desta experiência é uma verdadeira oportunidade, mas não se engane, não vale a pena se perder no meio do caminho para não abrir mão daquilo que te adoece e enfraquece.
Se fizermos um exercício simples de comentar com os nossos amigos que estamos desejando voltar ao no país de origem e que talvez continuar morando fora não é mais uma hipótese. Quais serão os discursos que mais ouviremos: “você está louco…”, “sério, talvez você só esteja cansado…”, “existem muitas pessoas querendo viver exatamente o que você está vivendo, seu ingrato…”.
Quantas pessoas perguntam quais as nossas razões e motivos? Quantas pessoas estão preocupadas com a nossa saúde mental? Quantas pessoas estão olhando para nós e nos ouvindo verdadeiramente?
Regressar para casa precisa ser uma alternativa sempre que nossa saúde mental estiver comprometida, ao ponto de não nos reconhecermos mais. Não há um jeitinho a dar quando o assunto são nossas emoções e sentimentos.
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Vulnerabilidade na experiência migratória
Morar fora nos coloca em uma posição de grande vulnerabilidade e estar ciente dessa circunstância precisa deixar sempre alerta. Não ache que fingir que não está vendo ou esperar que as coisas se resolvam sozinhas será uma grande ideia, porque não será. O tempo é o senhor de todas as coisas e eu acredito nisso, mas não delegue a ele o que é responsabilidade sua.
Porque insistimos em morar fora da nossa terra natal e vivermos realidades do tipo: dormir à base de remédios, levar uma vida financeira escassa, vivenciar relacionamentos rasos, gerenciar crises de ansiedade e ter um relacionamento pobre com a gente mesmo…
Você não é e nunca será obrigado a ter uma vida que não merece e esse não é um discurso que a sua vida precisa ser próspera e fluída, mas que você tem o direito e deve se permitir a fazer escolhas que te proporcionem uma realidade pacífica e equilibrada.
Devemos fazer um exercício poderoso para nos afastarmos de padrões antigos que não nos levam a lugar nenhum. Estamos tão comprometidos emocionalmente que perdemos alguns filtros: ouvir pessoas experientes, convivermos com pessoas evoluídas, nos relacionarmos com pessoas interessantes e nos conectarmos a tudo aquilo que nos traz esperança.
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Reveja suas escolhas para o bem da sua saúde
Nossa impulsividade e carências, tem nos conduzido para caminhos desafiadores, sem talvez uma passagem de volta. Se sua experiência migratória compromete sua saúde mental, chegou o momento de rever suas escolhas. Chega de continuar sofrendo pela fantasia de viver no exterior.
Se você está na dúvida sobre qual o melhor momento de regressar para casa durante o seu processo migratório, aqui vão algumas dicas:
· Qual foi a última vez que você se sentiu feliz morando fora?
· Seus planos para os próximos 3, 5 e 10 anos, contemplam você longe de casa?
· Você se sente inserido na cultura local?
· A cultura local faz sentido para você?
· Seu ciclo de relacionamentos te traz um novo significado de vida?
· Ao acordar, você se sente inspirado ou desanimado?
· As possibilidades profissionais são favoráveis?
· A vida financeira tem chances de evoluir?
· Você se sente cada dia melhor?
· Ao olhar ao redor, tem vontade de ficar ou ir embora?
Essas são algumas perguntas poderosas para que você possa refletir sobre cada uma delas, talvez não tenha resposta para todas e certamente levará um tempinho para se perceber, mas não desista do exercício.
Regressar para casa é sempre uma alternativa quando a sua saúde mental está comprometida, não escolha viver uma vida instável emocionalmente no exterior, acredite, não vale a pena.
Que possamos nos cuidar como aprendemos a cuidar dos outros, não há mais tempo para nos deixarmos de lado e esperar que a vida se encarregue de ajeitar as coisas.
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