
Aproveitar a jornada é tão importante quanto concentrar-se na chegada. As lições do Caminho de Santiago que aprendi foram marcantes, venha comigo nesse texto!
Minha caminhada rumo a Santiago de Compostela na Espanha começou de forma despretensiosa e essencialista, sem tantos cuidados, mas com muita vontade de experimentar, contexto esse que ilustra a vida de muitos brasileiros que decidem morar fora. Concluir a primeira etapa do Caminho Central Português me trouxe vários insights sobre o processo migratório que enfrentamos no exterior e hoje vou compartilhar com você.
Lições do Caminho de Santiago: o que aprendi nessa jornada
Vivo em Portugal há mais de 5 anos e desde então sempre cruzo com os peregrinos que estão fazendo o Caminho de Santiago, rumo à Santiago de Compostela, cada um no seu tempo, carregando uma vida repleta de histórias e com um propósito especial.
Preciso confessar que percorrer tantos quilômetros até o destino final nunca me fascinou. Mas no último Carnaval uma amiga mandou uma mensagem que dizia, “neste Carnaval vou fazer a primeira etapa do Caminho Central Português, são 5h de caminhada e 25 km, do Porto até Vairão, quer me acompanhar?”.
Na hora eu aceitei, considerei minha condição física, disponibilidade na agenda e a companhia ao longo da jornada, mas não sabia eu o que esse dia havia me reservado.
Quem me conhece sabe que poucas coisas na minha vida ao morar são aleatórias e essa caminhada foi uma delas, escolhi uma roupa confortável, calcei as botas impermeáveis, abasteci a mochila e saí de casa, achando que tudo iria dar certo… Certamente você já viveu uma experiência como essa, de acreditar tanto que as coisas não vão dar errado, que esquece de se preparar como deveria, ter atenção aos mínimos detalhes e de proteger-se.
As primeiras horas da jornada foram compostas de muita conversa, havia um tempo que não nos encontrávamos, então tínhamos muitos assuntos a conversar. Minha amiga tem um ritmo acelerado e em alguns momentos andou à minha frente, esse movimento me fez lembrar que eu também já vivi isso, tão preocupado com o que precisava fazer, que me esquecia que estava acompanhado.
Desta vez eu me peguei sentindo o vento frio no rosto, agradecendo pelos raios de sol que aqueceram o percurso. Reparei nos cães ao longo do percurso e pensei em como os meus estariam, talvez vou levá-los nas próximas etapas da caminhada, eles iriam amar os campos verdejantes.
Caminho de Santiago de Compostela: conheça as rotas e saiba como se preparar
Uma jornada espiritual e de autoconhecimento
Senti Deus comigo ao longo da jornada, seja através do canto dos pássaros, daqueles que me desejaram bom caminho. Das senhorinhas que repararam em nós e que com sorriso se despediram, me lembrando que a vida é simples e que não devo me preocupar com o que está por vir… Avistei uma senhora trocando as flores de um altar na estrada, aquela atitude me lembrou que tudo aquilo que fazemos deve ser feito para Deus, em secreto e em silêncio…
Pela primeira vez eu não estava com pressa, eu não estava ansioso, eu estava ali, há muito tempo não sentia essa sensação… Muitos peregrinos passaram por mim e fiquei me perguntando de onde vem, para onde vão, o que os motivam, o que os trouxeram até o caminho…
Machuquei meus pés, as meias inadequadas machucaram meus dedos e me dei conta do quanto preciso me tratar melhor, com mais carinho, amor e compaixão. Após 20km comecei a sentir minhas pernas, lombar e uma leve dor de cabeça, era meu corpo sinalizando que estava puxado para ele. Minhas mãos incharam e pela minha falta de experiência não soube o que fazer, aprendi que preciso balançar os braços e suspendê-los.
A sinalização do percurso são símbolos poderosos, as setas nos mostram para onde irmos e o X para onde não devemos ir. Fiquei a me questionar, quantas setas eu não tenho visto e quais X eu vejo, mas ainda assim insisto em avançar… Algumas vezes não prestei atenção nas setas, mesmo elas estando visíveis, as distrações no caminho são grandes e se perder por ser fácil, não seria assim na vida no exterior?
Por fim, chegamos ao mosteiro em Vairão e com ele mais um cemitério, lembrando que não importa o quanto caminhemos, todos nós partiremos em algum momento.
Adotar o vitimismo no exterior pode comprometer seu plano migratório
Lições migratórias que o Caminho de Santigo me ensinou
Percorri 25km (primeira etapa do Caminho) para lembrar de algumas lições poderosas no contexto migratório e espero que você possa colocá-las em prática:
- Planeje-se, não importa o que você vai fazer, o planejamento é uma ferramenta poderosa para lhe auxiliar a viver uma vida plena e com menos desgastes;
- Tenha uma visão clara do seu momento atual, eu só topei fazer a caminhada porque fisicamente eu daria conta, mas quais são as situações que você tem se inserido sem poder?
- Escolha bem suas companhias, elas têm o poder de lhe fazer acreditar ou desanimar ao longo do caminho, seja criterioso;
- Tenha instrumentos e ferramentas ajustados a sua necessidade, não faça como eu que escolheu uma meia errada para uma caminhada de 25 km, eu machuquei os dedos e você de que forma tem se machucado?
- Fortaleça o relacionamento com seus pensamentos, sejam intrusivos ou sabotadores, precisamos lidar melhor com eles. Em alguns momentos da caminhada eu pensei “o que eu fui inventar…”, mas depois lembrei “eu escolhi estar aqui, então vou avançar…”;
Aproveite o privilégio de viver no exterior
- Aproveite o privilégio de viver no exterior, se leve por caminhos que ainda não conhece. É bem fácil vivermos a mesma vida todos os dias, seja criativo;
- Contemple as belezas no caminho, repare nas pessoas, em quem está se observando, nas flores, nos maracujás pendurados, nos cabritinhos correndo… Exercite seu olhar contemplativo, isto é poderoso para relaxar;
- Hidrate-se, alimente-se, descanse, dê ao se corpo aquilo que ele precisa para funcionar em alta performance;
- Por fim, não desista, tenha muito claro suas razões e motivos, isso lhe auxiliará a terminar aquilo que começou, seja o que for.
Viver no exterior exige uma autogestão aprimorada: como você tem gerenciado?
Lições do Caminho de Santiago: Aproveite a jornada
A vida passa tão depressa que não nos resta outra alternativa a não ser curtirmos o processo. Não importa qual seja a vida que você conquistou, hoje eu lhe convido a aproveitá-la do jeito que puder, com o que tiver e do jeito que for possível. Esse é um combinado que precisamos reforçar com a gente mesmo, aprenda a gerenciar sua própria vida para que o morar fora não deixe de ser um sonho, se transformando em um pesadelo sem fim.
Leia também: Você ganhou uma nova chance de viver uma vida inspiradora no exterior, aproveite!
*Caso você deseje me acompanhar pelas redes sociais, sugerir novos conteúdos e conferir mais dicas como essas, acesse o meu Instagram. Fale comigo também pelo WhatsApp.*A incrível cidade de Santiago de Compostela na Espanha e sua incrível energia! Inscreva-se no canal do Vagas pelo Mundo e torne-se membro: