Morar fora pode nos proporcionar uma falsa sensação de conforto ou até mesmo de estresse crônico. Será que você está mal-acostumado no exterior?
Quando olhamos para nossa trajetória ao longo da vida percebemos o quanto que somos apaixonados pelo conforto, por circunstâncias previsíveis e situações as quais não precisamos nos esforçar muito. Reconheço que nesta situação existem exceções, mas precisamos convir que os brasileiros passam por tantos desafios ao morar fora, que alguns dias de paz seriam bem-vindos. A depender de qual seja a sua realidade no exterior, talvez você esteja mal-acostumado e esse é um assunto que precisamos refletir, pois não avaliar o próprio percurso longe de casa pode ser uma escolha perigosa.
Será que você está mal-acostumado no exterior?
Muitos brasileiros que optam pela migração o fazem em busca de uma vida diferente, com mais oportunidades profissionais, afastar-se da antiga vida que não funciona, encontrar um amor verdadeiro, conhecer novas pessoas, aperfeiçoar um novo idioma, desfrutar de novas culturas e até mesmo se reencontrar com quem de fato somos.
Saímos do Brasil cheios de força, energia, entusiasmo, determinação, garra, foco e propósito. Mas ao longo do caminho são tantos desafios que parece que nossas forças vão se esvaindo…
Eu sou um exemplo vivo disso, elaborei um plano migratório, fui aprovado em uma universidade, tive o visto de estudo concedido, cheguei a Portugal em 2019 e não sabia eu que os anos seguintes seriam os mais desafiadores de toda a minha vida.
Foi eita atrás de eita, quando pensava que tinha resolvido todos os problemas, novos surgiam e exigiam de mim ainda mais força e resiliência. Essa é uma circunstância comum entre aqueles que escolhem morar fora, realidade diferente dos que são obrigados a mudar de país, sem uma data possível de regresso.
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A busca por uma vida com mais ousadia
Quando estamos preparando nosso plano migratório, a organização sistemática composta de organização e planejamento para mudança de país, fazemos um combinado com a gente mesmo de vivermos uma vida completamente diferente.
Seja com mais atitude, com menos procrastinação, com mais ousadia, com respeito ao nosso tempo, com mais trabalho e mais tempo de qualidade para nós e para quem amamos… Mas, eu conto ou vocês contam?
Na prática, muitos de nós não conseguem cumprir o que combinaram, é tipo aquele movimento clássico de início de ano. Quando fazemos planos e tanta coisa acontece ao longo dos meses que nem lembramos do que queríamos de verdade.
Seu plano migratório está alinhado à cultura que deseja viver?
Mal-acostumado no exterior
Estar mal-acostumado no exterior é mais comum do que podemos imaginar. Para que você possa perceber melhor o que estou querendo dizer, resolvi trazer alguns exemplos clássicos que revelam o quanto que você precisa gerar mudanças urgentes em sua vida:
- Trabalhar muito e não ter tempo para você, familiares e amigos;
- Acreditar que seu nível de entrega profissional precisa sempre ser o maior da equipe;
- Ser neurótico com as finanças e não desfrutar do presente;
- Não investir em experiências que promovam qualidade de vida, por acreditar que daqui a alguns anos isso será possível;
- Não trabalhar as emoções por pensar que não são importantes;
- Desvalorizar os impactos emocionais causados pela migração;
- Deixar os estudos para segundo plano por acreditar que já sabe demais ou “não tem tempo” para se atualizar;
- Não fortalecer e manter uma rede de apoio qualificada pela crença de que não pode confiar nas pessoas dado às experiências negativas do passado;
- Se manter distante socialmente por alimentar o pensamento que não tem tempo para se distrair com pessoas que falam sobre coisas alheias ao que você possui foco.
Esses são alguns exemplos clássicos do quanto estamos mal-acostumados no exterior. Por vezes acabamos nos distraindo do nosso propósito e não percebemos o quanto nos acostumamos a viver uma vida pouco saudável e distante daquilo que sonhamos no passado.
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Somos influenciados pelo meio em que vivemos
Essa situação é ainda mais reforçada quando nos associamos a pessoas, lugares e circunstâncias, que não nos permitem pensar diferente. Afinal de contas, somos completamente influenciados pelo meio em que vivemos e se não tivermos cuidado, acabaremos ainda mais desconectados de quem somos.
Perceba que estar mal-acostumado é acreditar que a realidade a qual você vive é a única alternativa possível para o momento. Ou seja, nos acostumamos a viver uma vida precária, escassa e com poucos caminhos alternativos.
Eu compreendo que em muitos casos alguns brasileiros realmente não tem muitas alternativas, mas casa caso deve ser avaliados individualmente.
- Quantas vezes você balizou seu processo migratório pela jornada do seu amigo?
- Quando foi a última vez que comparou o seu progresso profissional com o crescimento dos seus colegas no trabalho?
- Lembra da vez que desejou ter uma relação amorosa saudável e próspera, por que viu uma boa história de amor?
É por isso que devemos aprender a olhar para nossa própria vida e encontrarmos as próprias respostas.
Quando tudo parece estar bem no exterior, mas não está…
Acabando com os maus costumes ao morar fora
É possível desenvolvermos uma série de bons costumes longe de casa, mas isso só será possível após você refletir de que forma se mal acostumou fora do Brasil. Se isso não estiver claro para você, a segunda etapa desse nosso encontro ficará comprometida, pois só poderá criar mudanças duradouras em sua vida se perceber onde está falhando e o que é preciso mudar.
Ex: Desejo trabalhar menos e ter mais tempo com a família… Para que isso seja possível, quais são os ajustes que preciso fazer? Onde trabalho atualmente me possibilita isso? Em quanto tempo consigo fazer essa transição…
Esse é um exercício poderoso e que levará tempo, sugiro que você reserve um dia e um momento para isso. Algumas emoções podem vir à tona e é válido que você esteja descansado, quanto mais a sua mente estiver disponível, melhor será o resultado alcançado.
Portanto aprenda a cuidar de você tão bem quanto se dedica aos outros, colocar-se como prioridade não é sinônimo de egoísmo, tampouco uma prova de que você deixou de se importar com quem ama.
Dar-se conta da própria vida é o maior compromisso que devemos ter com a gente mesmo, independente de que lado da fronteira você estiver!
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