
Instabilidade emocional coletiva tem se espalhado entre os brasileiros que decidiram morar fora. Entenda como as mudanças migratórias podem influenciar sua ansiedade e saúde.
Nunca se viu tantas mudanças migratórias quanto nos últimos tempos e quando as políticas e economia se alteram, a nossa saúde mental também necessita se adaptar. Os brasileiros que decidiram morar fora estão vivendo uma instabilidade emocional coletiva, se sentindo mais ansiosos, estressados e temerosos quanto ao que nos espera no futuro, realidade essa capaz de comprometer nosso plano migratório e acima de tudo, nossas expectativas sobre uma vida bem-sucedida no exterior.
Mudanças migratórias no mundo e seu impacto na nossa saúde mental
Quando falo sobre instabilidade emocional me refiro às diferentes formas que nos sentimos ao longo dos dias. Não tem como acompanhar os jornais e não nos sentirmos ansiosos, ao rolarmos o feed das redes sociais ficamos entediados. Ao conversarmos com os amigos no exterior nos estressamos e a depender do trabalho que temos ao morar fora podemos nos sentir ameaçados e inseguros.
Essa realidade acomete muitos brasileiros que decidiram colocar o pé na estrada e quando o pano de fundo é o contexto migratório, é aí onde o consenso é geral, estamos mais vulneráveis e expostos.
Há alguns anos vivenciamos um episódio que impactou a vida de toda a humanidade, nos expondo a um luto coletivo, onde lamentamos nossas perdas próximas e distantes. Na altura perdemos nossa liberdade, nosso direito de escolha, nossa influência e nossa perspectiva de um mundo possível e acima de tudo, acessível.
O tempo passou e agora os brasileiros que decidiram morar fora estão mais uma vez compartilhando uma circunstância dramática. Nossas emoções estão cada vez mais instáveis e enfraquecidas, nos unindo em um coletivo de imigrantes emocionalmente impactados e comprometidos.
Aqueles que passaram por um processo terapêutico podem sentir menos impacto, mas aqueles que possuem um baixo nível de autoconhecimento estão com muita dificuldade em gerenciar a própria vida.
Adotar o vitimismo no exterior pode comprometer seu plano migratório
Instabilidade emocional no exterior
Alguns sintomas da instabilidade emocional vivida por brasileiros no exterior são: insegurança migratória, medo de que seus direitos sejam cerceados, sofrimento por antecipação diante do que assistem e escutam, pensamentos intrusivos sobre partir ou ficar no país em que estão.
Além de insônia decorrente das preocupações financeiras, intolerância quanto a opiniões divergentes, estresse devido a sobrecarga profissional a fim de manter os vínculos profissionais. E também, ansiedade sobre se poderão ir e vir amanhã e por último, mas não menos dramático, somatização no corpo devido a falta de atenção com a qualidade de vida física.
Certamente você irá concordar comigo, que com ou sem a terapia em dia, os brasileiros no exterior estão expostos a essa realidade, uns mais do que outros obviamente. Mas a grande questão que venho refletindo com meus pacientes espalhados pelo mundo é, “de que forma podemos proteger a nossa saúde mental e evitarmos o impacto em nosso plano migratório?”.
Essa é uma reflexão necessária que todos aqueles que desejam morar fora ou já estão morando precisam levar a sério. Diante de cenários desafiadores aqueles que possuem uma saúde mental fortalecida, que possuem um bom relacionamento consigo mesmo e compreende suas emoções e sentimentos, estarão em vantagem competitiva.
Tanto para se acolherem diante daquilo que não podem controlar, quanto para silenciarem a mente e o coração quando nada puder ser feito, apenas aguardar.
Viver no exterior exige uma autogestão aprimorada: como você tem gerenciado?
Mudanças migratórias no mundo: Estabilizando as emoções
Se até aqui você se identificou com esse texto então chegou o momento de compreender o que fazer para não se colocar em risco e aqueles os quais você ama. Existem alguns caminhos possíveis para nos afastarmos da instabilidade emocional coletiva no exterior e regularmos nossos níveis emocionais, que são eles:
- Faça um mapeamento das circunstâncias que consomem sua energia, identificar aquilo que lhe rouba a paz vai facilitar os próximos passos.
- Para cada circunstância mapeada encontre uma solução criativa para acolhê-la. Ex: “As redes sociais fazem com que me sinta menos e sempre insuficiente…” Que tal reduzir o tempo de tela e se envolver com novos estímulos?
- Existem coisas que estão ao seu alcance para resolver e outras não, concentre-se naquilo que pode ser modificado hoje, sem neura.
- Pensamentos não são fatos, nem tudo aquilo que inunda sua mente corresponde à realidade. Conversar com amigos de confiança e que pensam diferente de você vai lhe ajudar neste aterramento.
- Esteja atendo aos roubadores de tempo; casa bagunçada, relacionamentos dependentes, trabalho em excesso, rotina inadequada, sobrecarga mental com problema dos outros e ausência de foco naquilo que é importante… Compreende por que você não tem um bom relacionamento com você?
Regulando os níveis emocionais
- Será que suas reações emocionais estão compatíveis com a realidade? Quantas vezes agimos de modo desconectado do aqui e agora e nem percebemos, não é? Ter reações ajustadas às circunstâncias vão lhe proporcionar menos desgaste.
- Se você não tem amigos ou contatos sociais de qualidade então você pode estar correndo o sério risco de achar que tudo que faz é correto e de que tudo que pensa faz sentido. Lembre que é no contato com o outro que encontramos significado para nossas vidas.
- Se o ambiente em que você circula todos estão adoecidos emocionalmente, cuidado. Essa influência pode reforçar aquilo que você não deseja ser.
- Pare de reclamar, abandone o vitimismo e saia da inércia. Esse tripé será poderoso para lhe colocar em ação para se fortalecer emocionalmente.
Parece simples, mas cada item desses será poderoso para transformar a sua vida, pois se continuarmos do jeito que estamos não teremos grandes resultados. Eu já coloquei todos eles em prática e confesso que os resultados são surpreendentes. Lembre que todos nós, somos fruto do meio e ao morar no exterior essa máxima continua sendo tão poderosa como se estivéssemos no Brasil.
Como seria sua vida hoje se tivesse feito escolhas melhores no passado?
Mudanças migratórias no mundo: aprenda a cuidar de você
Longe de casa temos uma necessidade em comum, de pertencer e para alcançarmos isso podemos nos colocar em lugares tóxicos e por vezes abusivos. Não se engane, se não estivermos atentos aos detalhes tenderemos a perder a nossa força pouco a pouco.
Portanto, aprender a cuidar de si mesmo é uma habilidade fundamental diante do cenário que estamos vivendo de mudanças migratórias no mundo. Não devemos terceirizar o autocuidado, esperando que alguém cuide de nós, tampouco gastarmos nosso tempo nos anulando para cuidarmos do outro.
Quando o acerto de contas chegar, o que irá valer é o que você fez com o que fizeram com você, cuide-se melhor!
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