Ao morar fora a nossa personalidade irá mudar e precisamos compreender isso. Será que vale a pena continuar renunciando quem realmente somos?
Morar fora é um sonho para muitos brasileiros, mas essa realidade pode se tornar um pesadelo em um piscar de olhos. Quando estamos longe de casa, distante de tudo e todos que nos trazem significado, nos sentiremos vulneráveis, expostos e por vezes fragilizados, mas estou aqui para lhe contar como tornar a sua experiência migratória em uma jornada emocionalmente saudável, independente daquilo que você tenha renunciado ou esteja renunciando até hoje.
Será que vale a pena continuar renunciando quem realmente somos?
Essa semana me aconteceu algo interessante, estava indo para aula de Pilates e fui abordado por um brasileiro, ele comentou que me acompanhava nas redes sociais, que gostava do meu conteúdo e que era muito fã de toda equipe do Vagas pelo Mundo. Então tivemos a chance de conversar um pouco sobre o processo migratório dele e da quantidade de renúncias que ele tem precisado dar conta desde que decidiu morar fora. Esse encontro me motivou a falar sobre essa temática tão sensível e por vezes nebulosa, as tão temidas renúncias, então vamos aprofundar um pouco mais sobre isso.
Para compreendermos esse assunto acredito que faça sentido se você se conectar a ele e para isso gostaria que neste momento você acessasse as renúncias que você já precisou fazer em sua vida e que talvez o faça até hoje…
- O que você precisou deixar para trás em prol de algo maior?
- O que você continua deixando de lado por acreditar não ser tão importante?
- Quais escolhas precisou fazer para chegar até aqui?
- O que te traz tristeza e angústia só de lembrar que ficou no passado?
Desconectados da nossa essência
Por vezes estamos tão desconectados da nossa essência, que colocamos certos sentimentos debaixo do tapete para não precisarmos lidar com eles, mas hoje é o momento certo de encará-los e acolhê-los.
Enquanto homem imigrante já precisei renunciar muitas coisas. Entre elas, o convívio com meus familiares, a convivência com meus amigos, o dia a dia com meus cães, o meu status social, a minha influência profissional. Além, dos meus costumes e talvez uma das maiores renúncias que já vive, da minha antiga personalidade.
Olhar para minhas perdas é um exercício sensível e que requer de mim maturidade intelectual, um autoconhecimento fortalecido e uma visão clara do meu momento presente. Como você se sente quando acessa suas renúncias e perdas?
Quando não souber o que fazer reconecte-se a você: descubra como
Entenda suas renúncias
Podemos comparar a experiência de morar fora com uma Montanha-Russa, vivemos altos e baixos de tempos em tempos. Sentimos um frio na barriga, mas ao mesmo tempo a adrenalina nos inunda, preenchendo a nossa necessidade de nos sentirmos vivos.
O famoso misto de “Deus me livre, mas quem me dera…”, certamente você vive essa realidade. Viver no exterior é ser um eterno estrangeiro, por vezes imigrantes ou até mesmo expatriados, perdemos os antigos títulos e nos são atribuídos novos. Quantos de nós estamos preparados para essa redefinição de papéis, não é mesmo? Vale a pena continuar renunciando quem realmente somos?
Tem algo que me gera curiosidade: por que escolhemos renunciar coisas tão importantes? Qual a razão de renunciamos nossa terra, nosso idioma, nossos costumes, nossa personalidade, nossos familiares, nosso clima. Nossa forma de ser no mundo, nosso jeito de ser no aqui e no agora e por qual motivo abdicamos da nossa própria vida para acompanhar quem amamos na jornada deles?
Antes de se comprometer com os outros, faça uma aliança com você mesmo
Vale a pena abdicar de tudo pelo seu amor?
Muitos homens e mulheres decidem colocar o pé na estrada para acompanhar seus cônjuges, afinal de contas, não podemos abrir mão da família em prol de preferências individuais, não é? Hum… Não sei… Quem me acompanha por aqui sabe que sou um grande defensor da família e do amor que nos conecta, mas também conhecem a minha forma racional e lógica de interpretar a realidade.
Tenho acompanhado muitos brasileiros imigrantes internacionais que estão despedaçados no exterior, eles se distanciaram tanto deles mesmos, que hoje não conseguem se reconectar a quem são de verdade…
Essa realidade acontece porque em um dado momento nós nos abandonamos, nos deixamos pra depois, nos retiramos da nossa lista de prioridades. Nos afastamos assim, do nosso lugar de força, por simplesmente alimentarmos o pensamento que todos os outros são mais importantes do que nós mesmos e que no futuro a nossa vez chegará, mas será mesmo?
A quanto tempo você tem esperado a sua vez? Será que as pessoas à sua volta estão concentradas em propiciar que sua vez chegue? Será que sua visão sobre a sua realidade está realmente conectada à realidade?
Será que suas companhias te trazem para realidade?
Ressignificando as renúncias: independência emocional
Costumo dizer aos meus pacientes que quase tudo nesta vida pode ser ressignificado. Ou seja, muitas realidades dramáticas da nossa existência podem ter um novo significado, para que assim possamos seguir a nossa vida no exterior de um modo emocionalmente saudável.
Constatar as renúncias que fizemos e que continuamos a fazer é o primeiro passo para ampliarmos a nossa percepção sobre o nosso momento presente. Depois disso quero deixar algumas reflexões para te auxiliar neste novo passo rumo a sua independência emocional:
- A renúncia que mais lhe custa até hoje te gera qual benefício?
- Tudo o que você precisou abrir mão lhe fortaleceu em quais aspectos da sua vida?
- Aquilo que deixou para trás ampliou sua percepção de valor?
- Suas perdas lhe ensinaram o que sobre sua força interna?
- O que você abandonou lhe gerou qual livramento?
- Você permanece preso ao que perdeu ou será que chegou a hora de acolher o novo?
- Quais são os benefícios de acolher a nova realidade que suas renúncias lhe trouxeram?
Vale a pena continuar renunciando quem realmente somos?
As reflexões acima não são exercícios alicerçados em uma positividade tóxica, tampouco papo furado de autoajuda. Mas sim, questionamentos para lhe trazer de volta ao lugar de autor principal da sua própria vida.
Chega de responsabilizar os outros pela sua situação atual, não há mais espaço para permanecermos inertes à nossa própria existência. Quanto mais consciência tivermos de quem somos e do que podemos ser, mais próximos estaremos da vida que desejamos viver.
Frustração no exterior: as pessoas agirão diferente do que você espera e está tudo bem
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