Compreender o fim é também um exercício de maturidade e sabedoria. Quando é hora de retornar para casa?
Falamos tanto sobre morar fora, que o assunto de retornar para casa e voltar ao nosso país de origem fica esquecido. A repatriação é uma realidade para muitos brasileiros que vivem no exterior e precisamos compreender um pouco mais sobre esse movimento e refletirmos se talvez não tenha chegado a hora de arrumar as malas e voltar para casa.
Por vezes pensar sobre isso é se conectar com a sensação de fracasso, frustração e tristeza, mas talvez se ajustarmos a nossa perspectiva sobre o momento presente, poderemos enxergar a vida de um jeito diferente.
Talvez retornar para casa seja a melhor opção
Aquele que está pensando em morar fora está tão entusiasmado com a ideia, que descarta a possibilidade de um dia retornar. Já aqueles mais racionais cogitam essa possibilidade, considerando que se as coisas não saírem conforme o planejado, eles pegam o caminho de volta.
Colocar o pé na estrada é de fato inspirador, aprendemos tanto sobre nós e sobre os outros, que essa realidade nos deixa extasiados. Sonhar com uma nova carreira, com o aprimoramento de um idioma, com o encontro com um novo amor e com o nosso reencontro pessoal, é encantador e isso realmente nos move para atravessarmos mares e desertos.
São tantas possibilidades, que trazer a mente que tudo isso pode dar errado ou terminar, não é uma realidade plausível.
Aqueles que se tornaram imigrantes estão sempre avaliando a própria jornada, rememorando tudo o que foi vivido; as angústias, as incertezas, as dúvidas e as renúncias. Foi tão difícil chegar onde chegamos, que pensar em abrir mão de tudo o que já foi conquistado é motivo de grande ansiedade e estresse.
Se lidar com as nossas próprias expectativas já é difícil, imagine quando escolhemos nos concentrar no que as pessoas podem ou não pensar sobre as nossas escolhas e decisões. Essa realidade se agrava quando temos uma família e outras vidas podem ser impactadas, realidade essa que nos traz mais preocupações e por vezes inseguranças.
O que você busca no exterior? Quando a imigração pode melhorar a sua vida.
Retornar para casa: Entenda como avaliar se chegou o fim
Saímos de casa para morar fora cheios de planos, expectativas, planos e projetos, realidade essa que nos move, nos impulsiona e nos contagia para avançarmos, aconteça o que acontecer. Os meses vão passando e começamos a avaliar se toda aquela nossa expectativa foi atendida, se encontramos o que viemos procurar e se estamos nos sentindo bem o suficiente para permanecermos.
Parte de nós está tão instável emocionalmente que não temos condições de enxergar as coisas com clareza, a única coisa que precisamos é descansar, nos desconectarmos das responsabilidades e nos abstermos dos problemas que inventamos para nós mesmos.
Outra parte de nós tem clareza que as coisas não estão nada bem, percebem que as emoções estão instáveis, que o corpo físico já não responde como antes, que o relacionamento afetivo esfriou, que a vida financeira está enfraquecida, que a área profissional está mais composta por insatisfações do que alegrias e prazer. Ou seja, esse sujeito tem a plena consciência que algo precisa ser feito, senão a vida entrará em completo colapso existencial.
Não importa a qual grupo você pertence, essa orientação vai te ajudar a compreender se realmente chegou o momento de voltar para casa:
- Seus objetivos já foram cumpridos?
- Há razões plausíveis que te convençam a ficar?
- Se os problemas que inundam sua mente sumissem, você ainda escolheria partir?
- Já pediu ajuda a pessoas externas, com experiência migratória?
- Já buscou se relacionar melhor com suas emoções e pensamentos?
- Seus problemas são reais?
- A dúvida sobre voltar para casa é realmente sua ou daqueles a sua volta?
- Regressar para casa é uma possibilidade de fugir dos problemas ou a chance de resolver parte dos seus problemas?
- Já fez o exercício de encontrar os benefícios e prejuízos da sua partida?
- Já se permitiu dormir e após uma boa noite de sono refletir sobre o que realmente precisa ser feito agora?
- Qual orientação seu Eu do futuro lhe daria hoje, se ele tem telefonasse?
Esses questionamentos são poderosos e podem te ajudar a pensar melhor sobre o que você precisa fazer. Talvez não tenha pensado em nada do que sugerir e pensar agora pode te trazer mais clareza, tranquilidade e serenidade. Anote essas respostas em um papel e ao fim avalie o conjunto de respostas, certamente encontrará respostas as quais não tinha se dado conta que as já possuía.
Por vezes ficamos esperando que os outros nos oriente sobre o que fazermos, nos distanciando assim da nossa autorresponsabilidade, mas essa nossa reflexão de hoje é para lhe instrumentalizar para que você mesmo se conecte as respostas que tanto procura, ou seja, é um exercício de olhar para dentro e se perceber.
Respire fundo
Sempre quando estou nas aulas de pilates e yoga, meus professores orientam “respira…”, e hoje resolvi trazer essa mesma orientação para você, respire! Quantas vezes focamos naquilo que está faltando e nos esquecemos daquilo que temos? Será que você já percebeu que suas reclamações te impedem de enxergar soluções e alcançar uma nova realidade?
Será que você já se deu conta que sua mentalidade está tão inflexível que não consegues pensar em nada diferente? Já fizestes o exercício de escolher não pensar em tudo o que pensas ao longo dos dias, se distanciar um pouco daquilo que não podes resolver e após alguns dias retomar esse relacionamento com as pendências?
Morar fora é um constante exercício de fazermos coisas diferentes diante dos mesmos dias que temos. Se você está na dúvida se deve ou não voltar para casa, não espere respostas simples, uma receita de bolo ou alguém que chegue, pegue na sua mão e lhe conduza para o que precisas fazer.
Colocar o pé na estrada foi uma escolha sua e retornar para casa também será, então use sua maturidade e sabedoria para se perceber e compreender o que deves fazer e em que momento.
Leve o tempo que precisares para chegar às suas próprias conclusões e por favor, não se apresse, aprenda a se acolher e respeite o seu jeito de ser.
Entenda Como a dependência emocional pode comprometer sua vida no exterior.
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