encontrar o silêncio ao morar fora
Silêncio ao morar fora – Foto: Canva.

Estamos tão desatentos buscando entender aquilo que está a nossa volta que esquecemos de olhar para dentro. Você já encontro o silêncio ao morar fora?

Foi ao morar fora que descobri o quanto que o silêncio pode nos conduzir a encontrar as respostas que tanto procuramos. Colocar o pé na estrada é uma jornada desafiadora e exige de nós habilidade bastante específicas para sobrevivermos a tantas perdas que enfrentamos longe de casa.

Encontrando respostas no silêncio ao morar fora

Se não aprendermos a silenciar a nossa mente e coração estaremos fadados a nos sentirmos perdidos onde quer que estejamos. Muitos vivenciam um barulho interno tão desgastante que desconhecem os benefícios de estarem com os próprios pensamentos e emoções e se é assim que você se sente, vamos juntos até o fim deste texto. 

Passamos uma vida inteira buscando compreender quem somos, o que estamos fazendo, para onde vamos e a que propósito existencial servimos. Se você ainda não se questionou sobre isso, então talvez esteja vivendo uma grande desconexão com sua missão aqui na terra. E ainda não se fez essas perguntas que nos conduzem a uma compreensão do nosso eu e dos nossos porquês.

Eu compreendo que muitos brasileiros no exterior se sentem perdidos internamente, pois parece que nada à nossa volta nos lembra de quem somos e quão poderosos podemos ser. Deixamos tanto para traz e exigimos tão pouco de onde estamos, que essa despersonalização vai se instalando semana após semana, sem nos darmos conta. 

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Deixando para traz nossas características

A despersonalização consiste em dia após dia irmos deixando para traz nossas características que nos tornam originais, únicos e especiais. A depender de onde estamos, das companhias que nos relacionamos e das situações que nos colocamos, esse processo pode se dar de modo mais ou menos intenso. Mas não há um brasileiro que não viva isso ao morar fora.

Essa é uma condição de quem migra, modificar-se ao longo do caminho e por vezes não se reconhecer longe de casa. Essa realidade pode atemorizar quem deseja partir e preocupar quem já partiu, afinal de contas deixar de ser quem somos pode nos trazer sérias consequências se não tivermos alguns cuidados. 

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Mudanças clássicas ao mudar de país

Aqueles que migram podem vivenciar mudanças clássicas e quando não possuem consciência disso não conseguem perceber, tampouco distinguir quando algumas alterações surgem. Preciso confessar que fica realmente difícil lidar com questões que nunca ouvimos falar, tampouco imaginamos que estaríamos expostos.

Então aqui vão algumas alterações mais comuns na vida dos brasileiros ao morar fora:

  • A nossa sensibilidade térmica muda, seja para o calor ou para o frio. Esse fenômeno se dá de acordo com o clima do país que escolhemos viver e isso interfere na nossa personalidade pois em dias mais quentes tendemos a ser mais expansivos e nos dias cinza mais reservados;
  • Nosso sistema de alerta a perigos se adapta, aqueles que partem de regiões com muita violência no Brasil e vão viver em cidades mais seguras no exterior vivem muito isso. Com o tempo vamos relaxando, compreendendo que está tudo bem não se preocupar tanto quando estamos na rua em família ou voltando para casa sozinho, tarde da noite;
  • Andar a pé se torna uma prática comum e saudável, a depender da vida que se tenha ter um veículo próprio pode ser dispensável, principalmente se a mobilidade urbana é acessível. Isso impacta nossa personalidade pois ganhamos mais liberdade e nos desprendemos de certas necessidades;
  • A sociabilidade impacta nossa forma de nos relacionarmos, nos conduzindo para uma outra forma de nos entregarmos e de recebermos quem chega. Podemos nos tornar menos sorridentes, mais distantes fisicamente e superficiais nas relações com os amigos, pois somos influenciados a todo tempo pela cultura anfitriã;
  • O relacionamento com o dinheiro também sofre alteração, roupas de marca, carros de “luxo” e tecnologia são mais acessíveis. Logo aquilo que antes era uma exceção na vida do brasileiro no Brasil, agora pode tornar-se mais comum, nos aproximando assim de uma vida diferente;

Mais mudanças no exterior

  • A relação com o trabalho é alterada, a depender daquilo que você estudou e do país em que vive, o equilíbrio entre vida profissional e pessoal é bastante respeitado. Logo a nossa personalidade sofre alterações, principalmente se você era um workaholic no Brasil;
  • Sua forma de se comunicar vão mudar, seus sentimentos, pensamentos e comportamentos tenderão a ser interpretados com novos filtros. E se você possuir uma dificuldade com o idioma local aí que alguns desafios vão se instalar mesmo. Não conseguir se expressar, nem se fazer compreender podem abrir espaço para comportamentos mais introspectivos e com baixa estima;
  • Seu guarda roupa sofrerá influência da moda local, as estações do ano tendem a ser bem definidas em muitos países longe do Brasil e buscar se adaptar aos estilos locais exigirá flexibilidade e adaptabilidade, alterando assim a nossa forma de nos vermos;
  • O corpo físico irá mudar, principalmente no início da migração. São tantas coisas incertas e tantos desafios a darmos conta, que cuidar da alimentação, fazer atividade física e manter a ansiedade e estresse em níveis estáveis pode ser um grande desafio. É aqui onde as dificuldades com a auto imagem se instalam e a segurança que tínhamos no passado pode ser minada. 

Essas e outras questões atravessam a vida de centenas de brasileiros no exterior, possuindo um alto poder de impacto na personalidade daqueles que decidiram morar fora. 

Você ganhou uma nova chance de viver uma vida inspiradora no exterior: aproveite.

Usando o silêncio a nosso favor

Na última terça-feira, 24, realizei uma participação especial no programa Bom Dia Mundo, do meu querido Claudinho e tive a chance de falar sobre os benefícios do silêncio para aqueles que decidiram morar fora, se você ainda não conferiu esse programa, vale conferir na íntegra.

Muitos brasileiros que vivem no exterior não conseguem cultivar o silêncio por uma série de fatores: trabalham muito, dormem pouco, compartilham casas com pessoas barulhentas. Possuem uma família que consome muito o tempo, está ao redor de amigos barulhentos, não buscam ter uma vida com qualidade e possuem muita dificuldade em desfrutar de atividades sozinho. 

Tudo isso que mencionei é realmente desafiador e pouco compatível com a vida tranquila e próspera que desejamos. Por isso, foi pensando nesta dificuldade que resolvi trazer orientações práticas para você encontrar no silêncio as respostas que tanto busca longe de casa.

Se você não tiver tempo para você, não conseguirá se ouvir, tampouco entender o que está acontecendo. Se sua casa é de alta manutenção e es sempre requisitado, busque um momento longe desse lugar, pode ser em um parque ou praça, o que vale é ter menos distrações.

Esqueça os fones de ouvido, a não ser que sejam usados exclusivamente para reduzir os ruídos externos, a música tenderá a lhe distrair de você mesmo.

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Achando o silêncio ao morar fora: reflita sobre o que deseja

Práticas como pilates e yoga são poderosas para facilitar esse reencontro, seja individual ou coletivas, elas nos ensinam a nos concentrarmos na nossa respiração e a percebermos o nosso corpo, movimentos esses que não fazemos ao longo dos dias, não é?

Não pergunte às pessoas o que fazer, reflita sobre o que deseja e reconheça sua vontade, talvez seja isso que esteja faltando. Só você sabe o que é melhor para você e caso não se sinta seguro neste lugar, busque se autoconhecer para se dominar. Cuidado ao conviver perto de quem fala muito e ou que exige muito de você. Os dois polos oferecem distrações e com o passar do tempo estará se entregando mais aos outros do que as suas próprias questões. 

Por fim, se estar com você mesmo for difícil por não conseguir lidar com os fantasmas do passado, os traumas mal resolvidos ou o momento presente dramático, lembre que um psicólogo deve ser consultado. Você não está sozinho na caminhada e não precisa se tratar de modo desrespeitoso e sem carinho. 

Será que eu me readaptaria ao Brasil: como seria o retorno depois de morar fora?

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*Assista o Programa Bom dia Mundo, o novo programa de Claudinho Abdo de segunda a sexta, às 7h do Brasil (11h de Portugal) e comece o dia bem informado:

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Vitor Luz possui formação em Jornalismo e Psicologia e ao longo da sua trajetória profissional pode se dedicar à busca de novos conhecimentos e fez uma formação em Inner Vision, Programação Neurolinguística – PNL e Certificação Internacional em Master Coaching Mentoring e Holomentoring – ISOR. Atualmente mora na cidade do Porto, onde aprofunda seus estudos em psicologia em um Doutorado na Universidade do Porto, além de possuir especialização em Psicologia Intercultural, proporcionando um acolhimento ajustado às necessidades daqueles que moram no exterior. Ele realiza atendimentos exclusivamente online, com clientes espalhados pela América, Europa, Ásia e Oceania, acolhendo imigrantes e expatriados brasileiros que busquem ressignificar perdas e aprimorar suas formas de se relacionar consigo mesmo e com os outros.

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