Podemos perder a satisfação de morar fora facilmente, principalmente se nossa saúde mental não estiver fortalecida. Viver no exterior virou um pesadelo e agora?
Nem todos aqueles que colocaram o pé na estrada vivem a vida que acompanhamos nas redes sociais, inclusive a vida off-line é bastante desafiadora para aqueles que possuem baixo autoconhecimento e uma saúde mental fragilizada. O nosso sonho de morar fora pode se transformar em pesadelo rapidamente, principalmente quando criamos muitas expectativas sobre o que é ter sucesso e sobre o significado da palavra liberdade.
Viver no exterior virou um pesadelo e agora?
Já conversamos que morar fora não é melhor, nem pior, é apenas diferente. Partindo desta perspectiva é importante termos em conta que recomeçar em outro país exige de nós planejamento e organização, assuntos esses que também já refletimos por aqui.
Sempre recebo mensagens de brasileiros que estão de malas prontas para partir, mas que não se sentem seguros para a jornada. Essa realidade está alicerçada no baixo conhecimento relacionado ao que irão enfrentar, da desconsideração dos perigos associados à migração e do luto que irão vivenciar assim que colocarem o pé no aeroporto.
A satisfação de morar fora pode se dissipar em poucos meses, logo após a fase de lua de mel, momento esse registrado na literatura como a fase de encantamento que vivenciamos ao nos depararmos com algo novo.
É aqui o dinheiro começa a ficar curto, os amigos que eram chegados digitalmente se mostram indisponíveis, o relacionamento afetivo esfria. O sol já não aparece tanto, o conforto que vivíamos no passado está passando longe e a saudade começa a apertar. É neste momento que começamos a nos questionarmos se vale a pena todo o esforço que estamos empregando…
Será que vale a pena continuar renunciando quem realmente somos?
Saúde Mental no exterior e a sua importância
Não importa a sua posição profissional, quantos títulos você conquistou, qual o tamanho da sua reserva de emergência e o quanto você se garante diante dos desafios, se você não fortalecer a sua saúde mental em algum momento o seu plano migratório será comprometido.
Diariamente acompanho a trajetória de imigrantes brasileiros no exterior e enquanto terapeuta posso falar que não se conhecer profundamente é o caminho mais rápido para transformar o sonho de morar fora em um grande pesadelo.
Quando nos referimos a uma saúde mental fortalecida estamos falando da forma como nossas emoções, sentimentos e pensamentos reagem às adversidades no exterior.
- Como você lida com as frustrações?
- Lidar com a saudade de forma permanente é um problema para você?
- Situações de preconceito lhe paralisam?
- Se dar conta que o anonimato será o seu novo presente é muito difícil?
- Reaprender a expressar seu afeto pode ser algo que te paralisa?
- É possível respeitar o distanciamento das pessoas só porque pertencemos a uma cultura diferente?
Mais cedo ou mais tarde, todos nós, sem exceção, precisaremos reservar um tempo de qualidade para fortalecer a nossa saúde mental. Após vivermos um tempo no exterior a nossa personalidade muda e se não estivermos atentos, viveremos o momento presente do mesmo modo como vivíamos no passado.
Desconectado de quem você era
Talvez você já tenha se percebido ineficaz diante de algumas situações, que no passado você resolveria prontamente. Essa realidade se apresenta quando estamos desconectados de quem nos tornamos, ou seja, parece que estamos vivendo um Déjà vu. Já vimos esse filme, mas não temos poder de ação no presente para agirmos.
Nos desconectamos de quem somos quando não aprendemos novas formas de ser no mundo. Quando deixamos para depois a aprendizagem de modos criativos de resolvermos as questões do presente e quando ignoramos que estamos em constante mudança.
Realidade essa que me fez lembrar a pergunta de um paciente, “Dr. até quando precisaremos busca o nosso autoconhecimento…?”. Eu sorri para ele e respondi:
Quando não souber o que fazer reconecte-se a você: descubra como
Resolvendo o pesadelo
A primeira coisa que nos ajuda a resolver os nossos pesadelos no exterior é ter consciência que eles existem. Ou seja, reconhecer que não está tudo bem e que precisamos tomar providências. Supomos que seu visto está expirado, então precisamos encontrar os meios legais de regularizarmos a nossa situação no país.
Caso não se sinta feliz no trabalho, quais são suas possibilidades de transferência de área ou de empresa? As finanças estão sem controle, já começou a se relacionar melhor com sua planilha?
Se você se sente sozinho e sem apoio, quais foram as atividades coletivas que buscou se inserir e logo fortalecer sua rede de apoio? Quando seu relacionamento afetivo esfriou, qual a sua responsabilidade para esse aquecimento tão desejado?
Se você se sente estressado, intolerante, impaciente e ansioso, já buscou um terapeuta para trabalhar suas questões emocionais relacionadas a sua migração?
Para cada problema que vivemos existe uma solução, algumas mais simples, outras mais complexas. O segredo consiste em não procrastinar a resolução de algumas questões, pois quanto mais empurrarmos com a barriga, maior esse problema poderá se tornar no futuro.
Certamente você já percebeu que o adoecimento mental no exterior evolui muito rápido, em uma semana estamos muito ansiosos e na outra semana o nosso humor já está deprimido.
Como manter-se estável em meio ao caos emocional no exterior
Brasileiros no exterior: trabalhe sua saúde mental
Brasileiros que decidem morar precisam compreender que sem uma saúde mental trabalhada não conseguiremos concluir o que planejamos, pelo simples fato que em algum momento iremos nos colocar em situações autosabotadoras.
Como por exemplo, escolher não praticar atividade física por não ter tempo, não ter tempo de qualidade para o relacionamento por causa do trabalho excessivo, deixar de se atualizar profissional e intelectualmente por acreditar ser pouco importante. Não levar o seu cachorro para passear, nem brincar com os filhos porque se sente cansado demais…
Morar fora não é fácil e precisamos permanecer conectados a quem nos tornamos, caso contrário, nos afastaremos de tudo aquilo que é importante para nós e estaremos cada vez mais perto da vida que não desejamos viver, logo cada dia mais insatisfeitos e infelizes longe de casa.
É possível viver a vida que merecemos, se estivermos atentos a nossa saúde mental, facilita a vida para o seu EU do futuro!
Antes de se comprometer com os outros, faça uma aliança com você mesmo
*Caso você deseje me acompanhar pelas redes sociais, sugerir novos conteúdos e conferir mais dicas como essas, acesse o meu Instagram. Fale comigo também pelo WhatsApp.*Ouça também o Podcast Partiu Morar Fora, com Amanda Corrêa e Claudinho Abdo: