A vida no exterior pode esfriar nossos corações e nos sentirmos sozinhos. Qual foi a última vez que você se sentiu cuidado no exterior?
Muitos de nós aprenderam a cuidar dos outros e dedicar-se ao bem-estar daqueles que amamos e estão à nossa volta, mas quando foi que aprendemos a sermos cuidados? A depender da experiência que você tenha tido com seus cuidadores, ser cuidado pode ter sido bom ou ruim, mas o que vale mesmo é como você tem ressignificado essa história no aqui e no agora, ao morar fora. Compreender de que forma você se sente e se permite ser cuidado é um fator importante para o fortalecimento do seu pertencimento onde quer que esteja.
Qual foi a última vez que você se sentiu cuidado no exterior?
Enquanto psicólogo intercultural e um estudioso do comportamento de brasileiros que vivem no exterior, preciso reconhecer que se sentir cuidado longe de casa pode ser um verdadeiro desafio. Tanto porque estamos longe da maioria das pessoas que nos importamos. Quanto porque a construção de uma rede de apoio leva tempo, exige paciência e nos cobra dedicação.
Desse modo, circunstâncias essas que por vezes não compreendemos muito bem como construir e manter. Então se no passado essa área em nossas vidas pode ter sido comprometida, imagine no exterior, onde estamos constantemente lidando com a distância e relações mais superficiais.
Aqueles que não receberam tanto cuidado e atenção podem escolher alguns caminhos na fase adulta, o primeiro pode ser manter-se afastado de tudo e todos. Assim não precisará dar atenção às pessoas, nem administrar suas carências e exigências sociais.
O segundo pode hiper compensar a ausência, então escolher dar atenção a tudo e todos, a fim de ser percebido como uma pessoa digna de atenção. Devo confessar que são caminhos desgastantes, que exige muita manutenção e que se não estivermos atentos, poderemos criar relações sociais frágeis e por vezes dependentes.
Todos nós, sem exceção, possuímos uma necessidade de pertencimento e de nos sentirmos amados, o que nos difere um do outro é a forma como escolhemos oportunizar isso. Quando colocamos o pé na estrada para morar fora precisamos ter uma atenção especial a cultura em que desejamos viver. Pois ela impactará a nossa saúde mental e alterará a nossa personalidade. É por isso que essa tomada de decisão exige tempo, estudo, organização, planejamento e acima de tudo, clareza.
Tristeza no exterior: como você lida com ela? Saiba como superar!
Atenção aos sinais
Hoje eu separei alguns sinais que podem sinalizar que talvez a sua sensação de se sentir cuidado pode estar comprometida e lhe enviando avisos os quais você tem negligenciado:
- Sente que não precisa da ajuda das pessoas, pois mais atrapalham do que ajudam;
- Nunca pede ajuda, afinal de contas ninguém é capaz de lhe entender;
- Quando as pessoas se disponibilizam para ajudar, informa que não precisa, senão o que irão pensar de você;
- Quando você realmente sente que precisa de ajuda e as pessoas se disponibilizam, você não acredita nelas, pois estão sendo apenas educadas;
- Sua superficialidade nas relações é tão grande, que quem está ao seu lado não consegue identificar que você precisa de auxílio;
- Você tem dificuldade de compreender como as pessoas conseguem se interajudar, afinal essa experiência é uma verdadeira ficção em sua vida;
- Quando finalmente aceita ajuda e isso não sai conforme você imaginou, logo se arrepende de ter aceitado o suporte…
Parece até meme, não é? Certamente essas afirmações acima podem ter lhe feito algum sentido e elas são muito comuns na vida dos brasileiros que decidiram morar fora. A sociabilidade no exterior é um verdadeiro desafio e quanto mais cedo nos dermos conta disso, mais rapidamente poderemos agir assertivamente para fortalecermos esse pilar tão necessário quando estamos longe de casa.
Em vez de desistir de tudo, que tal descansar um pouco?
Se sentir cuidado X Estafa social
Os últimos anos foram desafiadores, nos permitindo viver uma verdadeira estafa social. Ou seja, estamos cansados de socializar, nos mostrarmos disponíveis e por vezes, não temos mais disposição para aprofundarmos as relações, afinal de contas, quem liga, não é mesmo…?
Esse tem sido um pensamento muito comum na vida dos brasileiros que vivem no exterior, crença essa que nos impede de aprofundarmos e fortalecermos as relações sociais. Quando não priorizamos a manutenção dos vínculos, eles tendem a se romper com o passar dos anos. Por isso, assim como um jardim que não é regado, seca e morre.
Lembre-se, se você não se importar com suas relações sociais e com o fortalecimento dos seus vínculos, você dificilmente poderá contar com eles no futuro. Ultimamente venho reparando que as pessoas desejam a parte boa das relações, mas estão pouco dispostas a oferecer a contrapartida, que nada mais é do que atenção e cuidado.
Você já havia se dado conta disso? Por vezes estamos tão desconectados de quem somos e do que estamos fazendo, que até as nossas próprias atitudes nós estamos negligenciando.
Quando o dia começar mal, seja mais flexível
Orientações para se permitir ao cuidado
Se não baixarmos a guarda emocional dificilmente as pessoas terão acesso a nós, compreenderão nossas necessidades e saberão o que fazer para demonstrar afeto e cuidado. Então aqui vão algumas orientações para que você possa se permitir ao cuidado ao morar fora:
- Expor suas vulnerabilidades com segurança e cuidado é um bom começo;
- Aprenda a escolher relações que se importem com você verdadeiramente, isso será uma forma segura se não se sentir ameaçado;
- Existem pessoas boas, com coração tranquilo e alma leve, aprenda a ser para atrair;
- Colhemos o que plantamos, então antes de se preocupar com que recebe, se concentre no que tem plantado;
- Relações superficiais não lhe darão o suporte que você precisa, tire um tempo para aprofundar aquelas que toleram;
- Seja gentil, leve, disponível, amável e não reclame, essa combinação é poderosa para atrair suporte no exterior;
- Faça terapia e aprenda a lidar com você mesmo, afinal de contas, não podemos atribuir aos outros a responsabilidade deles lutarem para lidar com a nossa forma não evoluída e imatura emocionalmente.
Cuidado com a inércia no exterior: a vida passa depressa
Tenha calma e tire um tempo pra você
Se tivermos calma, tranquilidade, conhecimento e informação, podemos ir longe. Tire um tempo pra você, fortaleça seu autoconhecimento, acolha suas vulnerabilidades e jamais se abandone. Negligenciar-se é o caminho mais rápido para comprometer o seu plano migratório e tornar a sua experiência no exterior emocionalmente dramática. Pense nisso!
Morar fora: as estações do ano e seus ensinamentos emocionais
*Caso você deseje me acompanhar pelas redes sociais, sugerir novos conteúdos e conferir mais dicas como essas, acesse o meu Instagram. Fale comigo também pelo WhatsApp.*Ouça também o Podcast Partiu Morar Fora, com Amanda Corrêa e Claudinho Abdo: