Com apenas 18 anos de idade, Fernanda Fernandes resolveu conhecer o mundo. Entre intercâmbios, graduação no exterior e trabalhos voluntários, a cidadão brasileira quis ver o que o mundo teria para lhe oferecer e não teve medo de fazer tudo isso sozinha.
Hoje, aos 25 anos, Fernanda já morou em 6 países (Brasil, Irlanda, Inglaterra, Portugal, Cabo Verde e Estados Unidos), visitou 23 países, trabalha como turismóloga no Algarve, no sul de Portugal e já passou por muitas experiências incríveis. Entre elas, um trabalho voluntário na África na Ilha da Boavista, em Cabo Verde.
Com apenas 6 mil habitantes, a Ilha da Boa Vista possui o projeto Turtle Foundation, uma iniciativa para proteger as tartarugas marinhas de extinção. A organização de caridade internacional atua em Cabo Verde e na Indonésia e está constantemente em busca de voluntários.
Veja a seguir a entrevista completa com a brasileira Fernanda e o que ela aprendeu de todas as experiências já vividas.
Trabalhos voluntários na África e Estados Unidos: entrevista
Confira a entrevista com a brasileira Fernanda Fernandes, profissional da área de Turismo, que se formou em Portugal.
1) Fernanda, você é bastante nova, mas sempre foi bastante curiosa para explorar o mundo. Quando e como você começou a viajar?
Desde a minha adolescência eu tinha o sonho de viajar o mundo, isso deve ter começado lá pelos 14/15 anos. Com 16 eu já sabia que iria fazer um intercâmbio assim que completasse 18 anos, nesse meio tempo eu fui acumulando informações e juntando dinheiro.
Fiz o meu intercâmbio através de uma agência, meu destino selecionado foi a Irlanda, depois de vários orçamentos para vários lugares diferentes. Qualquer lugar da lista era lucro, até porque eu nunca tinha visitado nenhum país que falasse inglês antes. Então eu escolhi o destino com menos burocracia e que cabia no meu bolso.
A viagem não aconteceu de imediato, como eu não tinha juntado o suficiente que precisava para ir, parcelei a viagem até a data de início do curso, o que me deu mais tempo e possibilidade de juntar dinheiro para fazer as viagens que descobri que poderia fazer uma vez que pisasse na Europa.
Então no dia 24 de agosto de 2013, estava eu embarcando para Dublin, um ano mais tarde do que eu imaginava, mas com mais maturidade e informação.
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2) Qual foi seu primeiro intercâmbio?
Eu tinha vários destinos em mente. O que eu não sabia é que pela proximidade geográfica eu poderia fazer um 2 em 1. Uma coisa muito interessante para quem nunca viajou e não tem uma pessoa próxima como referência, são as agências de intercâmbio.
Algumas tem sedes no país de acolhimento, o que ajuda bastante nas burocracias iniciais. Então escolhi passar 3 meses em Dublin, que era um destino mais acessível naquela altura e 1 mês e meio em Londres, numa escola de inglês aplicado à artes.
Hoje em dia já não recorreria à uma agência por motivos de economia, mas na hora do medinho de encarar tudo sozinha, ter essa sensação de suporte ajudou e muito.
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3) Como surgiu a ideia de morar em Portugal?
No retorno do meu intercâmbio eu senti que não estava saciada da minha vontade de morar fora. Embora tenha sido tudo muito intenso e de eu ter tido a possibilidade de fazer tudo o que tinha planejado, eu só pensava nas futuras possibilidades de viajar quando bem entendesse e de viver num país com uma cultura diferente da que eu estava habituada.
Após algum tempo tentando “voltar à minha realidade”, aquele desejo não passou. E claro, foi alimentado pelas minhas inúmeras pesquisas de como viver no exterior.
De acordo com o meu ponto de vista, Portugal era o país perfeito para dar o meu pontapé inicial, por questões burocráticas e custo de vida uma vez que eu decidi vir para cursar uma nova graduação. E aqui estou desde agosto de 2015.
4) Como foi sua experiência na África? Quanto tempo ficou e quais os maiores ensinamentos que aprendeu?
No Brasil estudei Biologia, fiz alguns estágios e voluntariados com educação ambiental. Por mais que hoje em dia eu me dedique ao Turismo, nunca perdi a paixão por esta área que tanto me marcou na vida.
As férias de verão em Portugal são bastante longas, podendo chegar a quase 3 meses consecutivos de tempo livre. Resolvi aproveitar enquanto pude, mais uma vez a proximidade geográfica estava me dando uma oportunidade de fazer algo incrível, como um trabalho voluntário.
No verão de 2016 passei dois meses em um acampamento na praia de Boa Esperança, na Ilha de Boavista (Cabo Verde).
O projeto se chama Turtle Foundation, e tem como objetivo proteger as áreas de desova de tartarugas da espécie Caretta caretta.
Nesse período além de conviver com os voluntários de outros países, tive um contato muito próximo com os caboverdianos, os chamados “rangers”.
Eles nos acompanhavam nas patrulhas noturnas por longas horas de caminhada na areia fofa de uma praia deserta.
Algumas noites eram muito cansativas, porque em 4 km de praia tínhamos de 30 a 40 ocorrências de desova, e nós tínhamos que conferir se de fato haviam ovos e marcar as coordenadas de GPS no caderno e a seguir passar para a base de dados.
No nosso dia a dia fazíamos imensas coisas mesmo sem internet, sem um freezer, sem carne, com o racionamento de água, sem saneamento básico foi uma das experiências mais enriquecedoras que já vivi na vida.
Descobri que sou uma pessoa extremamente adaptável e que o ser humano é capaz de camuflar como um camaleão, basta querer quebrar as suas próprias barreiras mentais.
5) E nos Estados Unidos, como conseguiu um trabalho/estágio por lá? Quais os maiores desafios e aprendizados?
Fui pra os Estados Unidos no verão de 2017 fazer um programa de Work and Travel, que é uma espécie de intercâmbio só que ao invés de estudar a ideia é que se possa absorver a língua e cultura do país no dia a dia de trabalho, o que é ótimo pra quem quer continuar a desenvolver mesmo depois de ter uma boa base de inglês.
Mais uma vez a ideia era aproveitar o tempo livre disponível no verão, só que nessa experiência o meu foco já era outro. Dessa vez procurei algo para chamar a atenção no meu CV e ao mesmo tempo começar a desenvolver alguma experiência na minha atual área de formação.
O processo foi feito através do CIEE, onde você precisa arranjar um “sponsor”, no caso um empregador. O processo seletivo é feito via Skype, como se fosse uma entrevista de emprego normal só que claro, é feita em inglês.
Se conseguir passar na entrevista, a seguir são pagas algumas taxas administrativas. E sim, é um investimento que se paga logo nas primeiras semanas de trabalho.
Meu local de trabalho era em Seaside Heights-NJ, em um parque de atrações bem movimentado durante o verão. Minhas primeiras impressões foram bastante confusas, demorei um pouco para decidir se gostei ou não. Isso acontece quando você já tem alguma referência, e acaba se tornando uma pessoa mais “exigente”.
Os Estados Unidos é um país extremamente plural, acho pouco provável que alguém se sinta um peixe fora d’água, logo, a minha integração com o pessoal do trabalho e colegas de casa fluiu bastante rápido.
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Só mesmo estando ali para entender que os Estados Unidos da América está longe de ser perfeito, mas pode te proporcionar uma satisfação enorme só de estar ali. Tudo é uma referência, imagina a quantidade de cultura americana que nós consumimos, então se torna uma sensação indescritível ver esta máquina gigante de perto.
Ao mesmo tempo é impossível não comparar: a forma de pensar das pessoas, a disposição dos lugares, a comida, a falta de descanso entre outros foram um total desafio pra mim.
6) Quais dicas você pode dar para quem está pensando em fazer um trabalho voluntário no exterior? Por onde começar?
Pesquisas e mais pesquisas. Além de escolher algo que você se identifica, é importante verificar se o local escolhido é de fato uma instituição séria. Procure depoimentos de antigos participantes, hoje em dia é bastante fácil de encontrar.
E escreva em um papel uma lista de dúvidas para perguntar na hora da entrevista ou para enviar por e-mail, por mais boba que possa parecer, a sua questão pode vir a ser útil.
Eu gostaria muito de estar preparada para saber onde eu iria fazer as minhas necessidades antes de chegar no Cabo Verde, ou com quantas pessoas eu iria dividir casa nos Estados Unidos. Não deixem a excitação tirar o vosso raciocínio.
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7) O que importa mais: o destino, as pessoas, ou a experiência?
Acho que tudo importa. O que seria o destino sem as pessoas? É essa combinação que faz a experiência ser inesquecível.
8) Quais as suas dicas para os viajantes inexperientes?
Só se adquire experiência errando ou vendo os erros dos outros. As pessoas costumam escrever de tudo um pouco em blogs, sites, redes sociais em geral.
Muita coisa eu evitei de fazer errado olhando alguns exemplos de viajantes na internet. Mas tem sempre aquele instinto que a gente vai adquirindo com a experiência e, vai ficando cada vez mais fácil e menos tenso a cada viagem.
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9) Como começar a viajar com pouco dinheiro? Há trabalhos voluntários que pagam estadia e alimentação?
Planejamento é a base para qualquer viagem, é necessário estabelecer o seu orçamento antes de tudo.
Se a grana está curta e você quer fazer a viagem mesmo assim, existem algumas possibilidades como: se hospedar em hostel, comer apenas o que comprar no supermercado, ou até mesmo trocar mão de obra por estadia e “pocket money” (Nos sites Workaway e Worldpackers é possível encontrar uma vasta lista com essa modalidade).
Há muitos trabalhos voluntários que disponibilizam o alojamento, providenciar alimentação é mais raro, mas também é possível encontrar.
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