O que pensam uma brasileira e uma portuguesa que vivem no Reino Unido?
No dia 24 de junho de 2016 o mundo ficou surpreso com o resultado do referendo realizado no Reino Unido. A pergunta que estava na cédula de votação era se os cidadãos queriam que houvesse uma continuidade ou uma saída do Reino Unido da União Europeia. Mesmo com muita especulação e com pesquisas que apontavam que a maioria queria continuar com os outros 27 países membros do bloco, 52% dos votantes optaram pela saída.
O BREXIT, termo que une as palavras inglesas ‘Britain’ e ‘Exit’, após aprovado pela maioria, abalou os mercados financeiros de todo o mundo, derrubou bolsas de valores, desvalorizou a Libra Esterlina, causou pânico e deixou muita gente desesperada. Porém, fomos em busca de pessoas que vivem no Reino Unido para que tivéssemos uma impressão de como o turbilhão de informações e sentimentos está afetando o dia a dia delas. Abaixo você confere a entrevista com uma cidadã portuguesa e uma cidadã brasileira que por lá vivem.
O Sentimento dos Imigrantes
“A palavra da hora é INCERTEZA” – foi com esta frase que Thanira Rates começa a conversa com o site Vagas pelo Mundo. A cidadã brasileira, que possui cidadania portuguesa e vive no Reino Unido desde 2006, trabalha em uma instituição financeira global e ainda não possui cidadania inglesa. Ela acredita que, apesar de a maioria querer e votar pela saída, o resultado causou espanto e a instabilidade política reforça isso, já que o Primeiro-Ministro David Cameron renunciou ao cargo logo após conhecido o resultado do referendo.
Já para Mariana Maia Dias, uma cidadã portuguesa que se mudou recentemente para Birmingham (centro da Inglaterra) para acompanhar o namorado português que é engenheiro e que foi contratado por uma multinacional fabricante de veículos, “todos os imigrantes, e os portugueses inclusive, estão receosos com o que vai acontecer porque ninguém sabe bem como vai ser”. Para ela, a maioria que optou pela saída o fez, justamente, por conta dos imigrantes.
Tentando Entender a Decisão dos Ingleses
“Inglês não quer pagar para ter saúde e esse foi o ponto forte e decisivo na votação do BREXIT” – a afirmação de Thanira mostra um caminho que nem sempre aparece nos meios de comunicação tradicionais. Para ela, a campanha feita por Boris Johnson, ex-prefeito de Londres (2008 – 2016) e membro do Partido Conservador, não foi verdadeira. A brasileira diz que, durante a campanha pró-BREXIT, o político afirmou que com a saída do Reino Unido da União Europeia, a economia semanal seria de 350 milhões de libras e que o montante seria investido no “quase falido sistema nacional de saúde daqui, o NHS”.
Thanira ainda acredita que existam “aqueles conservadores que votaram por causa do grande fluxo de imigração e com ‘medo’ da Turquia entrar na União Europeia ou até mesmo porque não querem dividir o país com estrangeiros”. Já Mariana coloca que, pelo que viu, “foram 69% pessoas de idade superior a 55 anos” favoráveis ao BREXIT, ou seja, os cidadãos do Reino Unido mais velhos e que não concordam com a chegada de milhares de imigrantes de países em guerra no Oriente Médio ao continente europeu. Ela continua e diz: “eu ainda não senti preconceito algum…geralmente os ingleses gostam dos portugueses”.
Incerteza no Trabalho
Thanira afirma que ela e muitos amigos em outros empregos, já receberam um “comunicado do departamento de recursos humanos das empresas dizendo que a saída da Inglaterra da União Europeia não muda nada por enquanto, porém, qualquer mudança nas leis de imigração seremos comunicados”. A brasileira diz que “não estão nos dando garantia de nada” e que isso a preocupa, mas por enquanto ela não sente diferença “no bolso ou na convivência”, o que também pode demorar para acontecer pelo fato de ela viver em Londres, capital da Inglaterra e que tem milhares de imigrantes. De acordo com Mariana, a empresa onde o namorado trabalha era contra a saída do Reino Unido da União Europeia e que o trabalho dele está assegurado. Ainda para Mariana, “aqueles que vão “sofrer” serão os que não têm trabalho qualificado”.
E o Futuro?
Dizem por aí que o “futuro a Deus pertence”, mas quando falamos na vida das pessoas, na economia e na política, saber o que nos espera lá na frente se torna quase que vital, é primordial. Mariana afirma que, por ser portuguesa, não sente tanta rejeição ou preconceito por parte dos cidadãos do Reino Unido, porém poloneses e romenos não tem a mesma sorte. A cidadã portuguesa não acredita que mudanças drásticas devam ocorrer num curto espaço de tempo, mas afirma que teme ser maltratada por não ser uma cidadã inglesa.
Já Thanira afirma que muitas pessoas que ela conhece “vieram para criar uma vida permanente, sem data de volta” e que agora estão correndo em busca da cidadania, “inclusive eu”. Ela diz que, mesmo vivendo a 10 anos no Reino Unido, nunca se preocupou com a cidadania, mas “agora é minha prioridade”. A cidadã brasileira diz ainda que não sente, diretamente, uma mudança significativa, porém “amigos europeus que moram aqui a mais tempo que eu, já estão cogitando mudança pra outros países da União Europeia como: Alemanha, Espanha, Portugal e Holanda e até mesmo Escócia – se sair a independência deles do Reino Unido depois do segundo referendo por lá”.
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