
Morar fora impacta nossa saúde mental e precisamos normalizar que nem sempre estaremos disponíveis para acreditar em dias melhores. Está tudo bem as coisas não estarem bem no exterior.
Se tem uma realidade que é comum a muitos brasileiros no exterior é os dias não estarem bem. Nos sentimos frustrados, sozinhos, ansiosos, preocupados e na grande maioria das vezes cansados de tentar e nada acontecer. Normalizamos ao longo do tempo não expormos nossas fragilidades, nem demonstrar que precisamos de ajuda, afinal de contas, quem se importa com a gente, não é? Muitos brasileiros que decidiram morar fora enfrentam uma realidade parecida e precisamos entender melhor tudo isso.
Está tudo bem as coisas não estarem bem no exterior
Aqueles que pensam que não podem contar com os outros e que ninguém está disponível para ajudar, são os mesmos que no passado precisaram de suporte e nenhum sujeito pode chegar junto. Essa realidade pode ter várias razões.
Não comunicamos da forma correta, a rede de apoio disponível não estava atenta às nossas necessidades, existiam muitas distrações que impediam uma conexão genuína ou até mesmo, sofremos negligência da parte daqueles que tinham o compromisso e dever de cuidar de nós.
Se você se desenvolveu em meio a uma cultura individualista, ou seja, onde as pessoas se preocupavam apenas com elas mesmas. Então, é natural que você sinta que cada um deve cuidar da sua própria vida e que a ajuda não está a caminho.
Muitas famílias crescem de modo disfuncional, com pouca qualidade relacional, uma comunicação escassa e com diversas contendas ao longo do tempo. Ambiente esse propício a fortalecer em cada um de nós a sensação clara que devemos aparentar estarmos bem, quando na verdade estamos devastados.
O comportamento de aparentar estar bem é um sinal claro de que você precisa conquistar uma nova rede de apoio no exterior e inserir-se em novos lugares. Se ao olhar em volta você tem a sensação que não pode ser transparente, genuíno, frágil, instável, triste, vulnerável e por vezes desesperançoso. Por isso, eu gostaria que você soubesse que existem relações sociais que podem lhe proporcionar acolhimento, pertencimento e acima de tudo, compreensão.
Morar fora: perdas e desapegos
Enquanto Psicólogo Intercultural eu atendo brasileiros no exterior espalhados em vários países e tem uma coisa que é comum em todos eles. Todos eles desejam sentir que pertencem a um grupo, afinal de contas, morar fora é uma das realidades mais desafiadores de se viver.
São tantas perdas, são tantos lutos, são tantos desapegos, que até podemos deixar de nos reconhecer no momento presente. Eu posso imaginar o quanto que você já se decepcionou com pessoas, o quanto que já foi traído e o quanto que esperou dos outros e não foi correspondido.
Vitor Luz, psicólogo.
Com tantas vivências assim é natural acreditarmos piamente que aqueles à nossa volta jamais serão suficientes para nos compreender e nos ajudar.
Talvez você esteja cercado de más companhias no exterior e nem se deu conta
Tudo bem as coisas não estarem bem no exterior: algumas orientações
Se você sente que as coisas não andam bem e parece que tudo está dando errado, então eu trouxe algumas reflexões poderosas para lhe auxiliar nessa ressignificação do momento presente:
- Que tal fazer uma lista de tudo aquilo que não está bem? Após escrever todas elas em um papel, leia cada uma em voz alta. Isso lhe ajudará a aumentar a percepção dele.
- De cada item que escreveu, quanto deles foram gerados por suas atitudes? Existe alguma forma de contornar? Na grande maioria das vezes sim.
- Você tem focado no problema ou na solução? Que tal comprometer-se em criar alguns planos para resolver aquilo que te incomoda?
- De todas as questões que te atravessam no exterior, quais delas estão conectadas com outras pessoas? Não se concentre naquilo que não podes resolver.
Como vai sua rede de apoio no exterior?
Busque uma nova rede de apoio
- Que tal fortalecer sua rede de apoio para lhe ajudar a pensar diferente? Por vezes nos afastamos tanto dos outros, que esquecemos que podemos contar com apoio qualificado.
- Será que tudo realmente não está bem? Por vezes é uma questão de ponto de vista. Qual foi a última vez que fez uma lista das coisas às quais você é grato?
- O que está ao seu alcance para virar o jogo que insiste em consumir suas energias?
- Já tirou um tempo longe da maioria dos seus problemas? Por vezes tentamos nos curar no mesmo ambiente que adoecemos. Se afaste um pouco, crie um espaço seguro para você.
Tudo isso que trouxe para vocês parece difícil, mas se olharmos direitinho temos vários caminhos possíveis para reorientarmos a nossa rota ao morar fora. Muitos de nós focamos no problema e não na solução, essa concentração de energia disfuncional aumenta a nossa vulnerabilidade e nos imobiliza. Então precisamos ter um compromisso sério de adotarmos novos comportamentos e estratégias, senão permaneceremos no mesmo lugar, ansiosos, estressados e com pouca esperança por dias diferentes.
Experiência no exterior: como seria se você dedicasse mais tempo a você?
Existe uma vida diferente e você pode alcançá-la
Estamos tão acostumados a viver sob pressão, correndo de um lado para o outro, que podemos até normalizar isso, “a vida é assim mesmo”, “só faço as coisas sob pressão”, “morar fora não é fácil e essa é a vida possível”. Esses e outros pensamentos podem surgir em nossa mente, mas gostaria que você soubesse que é possível viver uma vida emocionalmente saudável no exterior.
Eu sou imigrante há cinco anos e sei exatamente os perrengues que os brasileiros vivem ao morar fora. Enquanto Psicólogo Intercultural aprofundo meus estudos nos movimentos migratórios e como ressignificar nossas perdas longe de casa pode fazer a diferença em nosso momento presente.
Quando negligenciamos aquilo que perdemos e não buscamos atribuir um novo significado àquilo que perdemos, a vida fica mais pesada e por vezes insuportável.
Quando a sua maior crítica é você mesma: o que fazer para superar o autodiálogo negativo?
Viva seu sonho e cuide da sua saúde mental
Todos aqueles que decidiram colocar o pé na estrada precisam trabalhar a saúde mental para que o plano migratório não seja comprometido. Lutamos tanto para viver o nosso sonho, que se nos mantermos ansiosos, estressados, desconectados da realidade e distantes de quem estamos nos tornando, podemos voltar para casa mais cedo do que imaginávamos.
Nossa saúde mental merece atenção e compreender nossos pensamentos, emoções e comportamentos fará toda diferença ao longo dos nossos dias. Portanto, aprenda a se respeitar e deixe de lado o comportamento de fingir que está tudo bem.
Procurar ajuda é sempre uma alternativa inteligente para aqueles que desejam continuar morando fora de forma segura e saudável. Pense nisso!
Qual a história que você insiste em se contar no exterior?
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