Morar fora é um eterno exercício de nos confrontarmos com a gente mesmo, realidade essa que pode nos distanciar de quem realmente somos. Você já percebeu hipocrisia no exterior?
São tantos assuntos polêmicos neste mundo que confesso que fugi bastante deles, quem me acompanha aqui conhece o meu estilo de comunicação e percebem que não me aprofundo em certas temáticas, assim como o texto passado sobre inveja no contexto migratório, acredito que chegou o momento de refletirmos sobre a hipocrisia no exterior.
Avaliar o comportamento dos outros e criticarmos suas escolhas parece ser uma tarefa fácil e muitas vezes prazerosa para algumas pessoas, mas será que nosso telhado não é de vidro? Vamos comigo até o fim deste texto e espero que ao fim possas chegar a alguma conclusão sobre essa matéria.
Hipocrisia no exterior: será que nos comportamos de maneira hipócrita fora do nosso país?
Derivada do latim hypocrisis e do grego hupokrisis, a expressão nos remete a representação, movimento de atuar ou fingir. Gosto do conceito do Analista Social e Linguista, Noam Chomsky, que traz o conceito “…a recusa de aplicar a nós mesmos os mesmos valores que se aplicam a outros”. Quem nunca criticou o outro e ao se dar conta, fazia a mesma coisa, não é?
Morar fora é um eterno exercício de nos confrontarmos com quem a gente é e explico o porquê. Só quem já colocou o pé na estrada sabe o quão desafiador é abrir mão de tudo aquilo que nos faz sentido, para acolher algo completamente novo e sem grandes garantias.
Ao longo do tempo desenvolvemos a incrível arte do julgamento, que muitas vezes é derivada do clássico meme digital “vozes da minha cabeça”, onde fazemos uso da nossa visão de mundo, pouca noção da realidade e de uma mentalidade limitada, na grande maioria das oportunidades.
A prática do criticar sem ouvir, nem conhecer e dar-se ao trabalho de compreender, nos conduz para longe da nossa real humanidade, onde deveríamos acolher, ouvir e muitas vezes silenciar…
Leia também: Morar fora é estar em outra dimensão.
O que nos leva a hipocrisia?
Mais importante do que compreender a parte conceitual e filosófica disso tudo, é termos a consciência do que nos leva a esse estado e o que podemos fazer para talvez agirmos diferente. Então separei alguns pontos que talvez façam sentido para você, agimos de modo hipócrita, quando:
- Buscamos aprovação de alguém ou de algum grupo, para pertencermos, buscamos nos parecer;
- Para não destoarmos do coletivo, buscamos tentar não chamar atenção, agindo ou concordando com determinadas práticas;
- Na ausência de autoconhecimento somos levados a nos distanciar de quem somos e acabamos por sinalizar de forma positiva alguma prática ou ação;
- Os inflexíveis de plantão também podem passar por isso, principalmente quando algumas situações podem ser embaraçosas ou repletas de imprevisibilidade;
- Morar fora é um constante eita atrás de eita, todo imigrante sabe que algumas questões burocráticas representam um verdadeiro desafio, mas abrir mão do jeitinho é um processo, Hein;
- Ao assistir alguns reality show observamos a atuação das pessoas e quando não concordamos ou achamos absurda, somos ferrenhos em condenar e crucificar, mas e se fosse você naquele contexto;
- Tornar-se aquilo que tanto criticamos no passado não nos tornam vilões, mas talvez seres que precisam ser mais empáticos e compassivos.
A empatia pode ser um verdadeiro antídoto contra o comportamento de hipocrisia no exterior e na vida. Sempre que fazemos o exercício de nos colocarmos no lugar dos outros, talvez guardássemos mais a nossa opinião para nós mesmos e certamente transitaríamos da posição de juiz para verdadeiros conciliadores.
Se você ainda não conferiu meu texto sobre o comportamento empático no contexto migratório, tente fazer isso hoje, confira o meu texto.
Os desafios de se viver no exterior são tão arrasadores, que não há como não comprometermos a nossa identidade enquanto indivíduos, movimento esse que nos conduz para um caminho onde não conseguimos compreender o outro, nem enxergar suas razões e motivos.
Quando se sentir desanimado, saiba o que fazer.
Seja mais generoso e menos hipócrita
O brasileiro é conhecido no exterior como um povo unido, que se junta em prol de propósitos singulares e que juntos, são mais fortes. Guardada todas as proporções, essa fama nos precede e nos recorda que quando fazemos a nossa parte, de forma ética, humana e generosa, conseguimos ir muito mais longe, o desafio consiste em não tentarmos derrubar ninguém, tampouco e nos sentirmos ameaçados pelo outro estar em um processo evolutivo diferente e em uma jornada alternativa a nossa.
O medo, ansiedade, estresse e insegurança, ronda a vida de muitos brasileiros e aqueles que decidiram morar fora não conseguem se desfazer totalmente destas circunstâncias, não importa o país em que se viva, mas o que fica para mim é, como podemos tornar a nossa vida melhor?
O quanto estamos comprometidos em deixar esse mundo mais amável? Qual o nosso compromisso com as próximas gerações? O que estamos fazendo hoje que impactará positivamente a vida das pessoas?
Somos conhecidos também pela generosidade, pela doação e pela disponibilidade, mas muitas vezes por não recebermos o que doamos, nos sentimos frustrados, desanimados, tristes e o pior que pode nos acontecer, deixamos de ser o que naturalmente somos, generosos.
Morar fora: a jornada de quem não pode fracassar.
Hipocrisia no exterior: cuidado para não perder o seu brilho
Agora perceba a gravidade desta situação, sem nos darmos conta, vamos perdendo o brilho, a vontade, o desejo e a força de ser o que somos. Essa reflexão é tão importante, que precisamos parar um momento e compreendermos, quem éramos, quem nos tornamos e em que direção estamos seguindo?
Portanto, que possamos compreender que morando no exterior ou no Brasil, o autoconhecimento é essencial para uma jornada inspiradora.
Definitivamente, é imperativo que possamos compreender a nossa realidade e deixarmos a hipocrisia de lado, lembrando que todos estamos em uma jornada individual e que está tudo bem se não estivermos no mesmo nível de evolução, mas que possamos continuar avançando, sem criticarmos e por favor, sem reclamar.
Morar Fora: como lidar com a ansiedade da sua família.
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