Conquistar uma rede de apoio qualificada pode exigir muito de nós, mas é possível alcançá-la. Será que você está cercado de más companhias no exterior?
Morar fora não é para todo mundo e a ciência já comprova isso. Colocar o pé na estrada exige muito de nós e lidar com essa realidade de qualquer jeito é o caminho mais rápido para o desequilíbrio emocional. Com o objetivo de não nos sentirmos sozinhos ao longo da jornada tendemos a nos unirmos aqueles que possuem histórias parecidas. Mas será que essas pessoas contribuem positivamente para sua adaptação no exterior ou elas agravam ainda mais a sua desconexão com a realidade? Esse é um assunto sensível e precisamos falar sobre isso, será que você tem más companhias no exterior? Vamos juntos até o fim deste texto.
Talvez você esteja cercado de más companhias no exterior e nem se deu conta
Ao longo da minha vida eu busquei fortalecer minha comunicação e consequentemente a relação com as pessoas. Ser Psicólogo e Jornalista é uma combinação poderosa, pois posso fazer uso de diferentes ferramentas e formas de me relacionar com aqueles ao meu redor, realidade esse que já me permitiu conhecer muitas pessoas nos últimos 36 anos.
Enquanto imigrante consigo perceber as relações sociais de forma diferente, quando estamos longe de casa nos sentimos mais sensíveis, expostos, solitários e por vezes distantes de nós mesmos. Morar fora é uma experiência que nos permite evoluir, crescer, amadurecer e acima de tudo, de nos reconectarmos com quem somos no aqui e no agora.
No Brasil era muito fácil me conectar com as pessoas, fazer parcerias, marcar encontros presenciais, compartilhar um pouco de mim e conhecer um pouco dos outros, existia muita disponibilidade. No exterior essa realidade é bastante diferente, até os brasileiros mudam ao longo do tempo, privilegiando relações mais superficiais, de baixa manutenção e distantes o suficiente para ninguém se sentir sobrecarregado.
Então se até para os mais comunicativos essa realidade pode ser impactante, imagine para aqueles que não se comprometeram em serem pessoas interessantes…
Qual a história que você insiste em se contar no exterior?
Encontros social desgastantes ou falta de energia?
As pessoas estão tão cansadas ultimamente que parece que nada as recarrega, talvez o morar fora seja tão desgastante que os brasileiros não possuem tempo para se refazer, energizar e por vezes ficar em silêncio. Quando pensamos em conhecer alguém novo, parte de nós pensa em desistir.
Quando recebemos um convite para um rolê aleatório pensamos duas vezes antes de aceitar e quando escolhemos sair de casa parece que contamos as horas para voltar pra casa, esticar a coluna, ligar um filminho e ficar em paz… É ou não é? Reconheço que essa é uma realidade na vida daqueles que já passaram dos 30 anos de idade, embora conheça alguns de 25 anos que já estão sem energia.
Experiência no exterior: como seria se você dedicasse mais tempo a você?
Más companhias no exterior
A primeira parte do texto foi dedicada a uma visão geral do que acontece com muitos imigrantes brasileiros quando decidem morar fora. Caso você tenha se identificado com essa realidade, então reservei esse momento para identificarmos se estamos ou não acompanhados de más companhias.
Quando decidimos morar fora abrimos mão de muita coisa, inclusive da nossa rede social e de apoio, circunstância essa que impactará muito a nossa vida, seja qual for as suas habilidades de comunicação e expansão interpessoal.
A fim de pertencer o brasileiro pode escolher dois caminhos: aproximar-se o máximo possível de outros brasileiros ou pegar o caminho contrário, afastando-se o máximo que puder. Esse momento acontece ao longo dos anos no exterior. Mas todos, sem exceção, em algum momento se sentirão sozinhos e buscarão nos outros a tão amada sensação de pertencer, de sentir-se acolhido e ao fim, seguro.
O desafio consiste quando vivemos essa realidade em um momento de fragilidade, carência e desequilíbrio emocional, momento esse onde nossos filtros baixam, nossas exigências deixam de existir e passamos a aceitar “aquilo que tem pra hoje”.
Quando o dia começar mal, seja mais flexível
Como identificar as más companhias no exterior
Consideramos como más companhias aqueles que escolhemos conviver, de modo mais ou menos intenso, que nos roubam energia, que aumentam nossa ansiedade. Que nos julgam sem percebermos, que não nos acolhem como somos, que nos estimulam a ser quem não somos. Que nos fazem sentir menos, que nos inspiram a não agirmos de acordo com nossos valores e que para nos sentirmos aceitos precisamos realizar favores.
Agora ficou mais fácil perceber quem a sua volta não tem sido tão legal com você, não é?
Existe uma passagem bíblia que diz, “Não se deixem enganar: “As más companhias corrompem os bons costumes”, I Coríntios 15. Interessante, como um escrito tão antigo é tão real e verdadeiro ainda hoje. Você se colocará em situações difíceis sempre que sua saúde mental não estiver trabalhada, afinal de contas, se seu autoconhecimento é baixo.
Sua percepção de perigo estará seriamente comprometida, o conduzindo para conectar-se a relações empobrecidas e com um alto potencial de comprometimento interno.
Autoconhecer-se é a chave, assim conseguirá distinguir aqueles que devem ou não permanecer na sua vida no momento presente. As escolhas que você fez lá atrás talvez não façam mais sentido hoje e desapegar delas talvez seja uma das melhores coisas que você poderia fazer por você mesmo.
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Escolhendo novos ciclos sociais ao morar fora
Se você, assim como eu, teve ou tem dificuldade em encontrar ciclos sociais potencialmente interessantes, saudáveis e compatíveis com a sua realidade, então eu separei algumas orientações práticas para que possas aplicar em seu dia a dia:
- Seja uma pessoa interessante: relações são mantidas quando conseguimos perceber o valor que o outro tem e pode nos agregar;
- Seja interessado: não há nada mais desanimador do que alguém que não se interessa pelo que pensamos ou temos a dizer;
- Esteja disponível para conhecer e se fazer conhecido: que seus traumas não lhe impeçam de conectar-se a alguém novo;
- Cuidado com os mesmos ciclos sociais: talvez eles tenham deixado de lhe nutrir e você ainda permanece apegado, expanda-se;
- Qual foi a última vez que você fez algo novo sozinho? Experimente, é libertador;
- Atividades coletivas são poderosas: elas nos unem a pessoas que estão com objetivos parecidos e intenções semelhantes;
- Práticas esportivas são igualmente necessárias para conhecermos pessoas diferentes, experimente vôlei, tênis, padel, crossfit, yoga, pilates, tiro com arco, futebol…
Não adianta fazer as mesmas coisas e esperar dias diferentes, não é? Se após tentar colocar essas sugestões em prática você ainda encontrar dificuldades em sua jornada, um psicólogo intercultural deve ser consultado.
Qual foi a última vez que você se sentiu cuidado no exterior?
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