
Para muitos foi um adeus, mas para outros tantos um apenas até logo.
Depois de algum tempo morando fora, percebi que as palavras têm pesos e medidas diferentes. Antes de embarcar para a minha nova vida, não acreditava muito nisso, mas hoje percebo que sim, a palavra tem poder. E depois que comecei a prestar atenção nisso, passo metade dos meus dias pensando no que já disse e a outra metade pensando em como dizer o que estou pensando. Palavras mal colocadas podem nos lascar, mas quando elas são bem postas, aí geralmente marcamos um golaço.
Os que disseram “até logo”
Os que disseram “até logo” na partida vivem de uma maneira diferente daqueles que disseram “adeus”. Moram fora, mas não conseguem cortar o cordão umbilical com o passado e isso só atrapalha. Não estou dizendo que quando a gente parte para uma outra vida, longe da nossa casa, precisamos esquecer o que ficou para trás, mas quero dizer com isso que não virar a página do livro também pode ser um problemão. Com tanta coisa acontecendo ao mesmo tempo quando nos mudamos, o que já é suficientemente capaz de não nos ajudar a focar, dedicar horas do dia, da semana ou do mês para lembrar e manter a vida que tínhamos antes faz o nosso consumo de energia ser quase desumano.
livro “Morar Fora: sentimentos de quem decidiu partir”
Energia desperdiçada
Desculpe a sinceridade, mas se você não conseguir focar na sua nova vida, as coisas demorarão mais tempo do que o habitual para acontecer para você. Saudade nós temos e vamos sempre ter, mas me refiro a alimentar uma vida que não é mais a sua, a se preocupar com coisas que não fazem a menor diferença no teu dia a dia aqui desse lado e isso só pode fazer mal. Faz mal porque atrapalha, faz mal porque não lhe deixa se concentrar, faz mal porque você está perdendo tempo e desperdiçando oportunidades e está com os olhos tapados.
Leia também: Morar fora: felicidade se sente, não se conta.
Os que disseram “adeus”
Para os que disseram “adeus” no momento de partir a vida é outra. São mais focados, pensam a longo prazo, fazem planos e vivem. Vivem o hoje, sentem o agora, não se preocupam tanto com o que já passou e estão sempre ligados no futuro. Como a página virou, eles pegaram a caneta e começaram a reescrever a história da vida. E para fazer isso precisaram fazer um “detox” do que já tinha passado e que motivou a partida. Desapegados, perceberam que manter duas vidas é coisa de maluco e que uma já é bastante complicada e desafiadora.
Leia mais: Morar fora é estar em outra dimensão.
É daqui para frente
Claro que dizer “adeus” não é para qualquer pessoa. As vezes machuca e dá vontade de chorar, mas é necessário. É necessário porque a vida de quem mora fora é carregada de emoções, de dificuldades, de sofrimentos, de solidão, de medos, receios e angústias. Mas também é cheia de coisas boas, de momentos inesquecíveis, de perrengues fenomenais, de pessoas queridas que chegam e partem, de vitórias e conquistas dignas de quem se propôs a entrar no ringue e partir para a porrada. As vezes sai sangue, de vez em quando a dor não passa, mas quando vencemos, somos OS MAIORES VENCEDORES.
Morar fora é pensar daqui para frente, é focar no que está por vir e aprender a dizer adeus com mais frequência. Só assim conseguiremos o nosso tão almejado lugar ao sol, lugar que tanto batalhamos aqui desse lado. Só assim, só deixando a nossa “ex-vida” para trás é que chegaremos lá. Acredite!
E você, disse “adeus” ou “até logo” quando partiu?!
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*Cláudio Abdo publica textos sobre a experiência de morar fora todas as semanas aqui no site Vagas pelo Mundo. Volte sempre!
1 comentário
Eu moro na Holanda quase há 14 anos. Quando sai de Portugal disse “até logo” e isso não atrapalha nada na minha vida cá.
Faço uma vida normal, sem stress. Não em essa de pressão, dor de estar longe, que é isso: hoje em dia com Skype, 3h de avião de casa. Será sempre até logo e nunca adeus