Para quem decidiu morar fora, conviver com o medo é parte essencial dessa aventura. Mas as vezes dá medo!
*Texto atualizado em 24 de fevereiro de 2022.
Já disse e repito que morar fora é para os bons de espírito e corajosos, mas de vez em quando bate um medo. E o medo faz parte. Faz parte da novidade, é parte integrante da vida de quem decidiu morar fora. Não, você não precisa ter ido ainda ou pode lá já estar. Em algum momento, você vai sentir medo e não deve se privar disso.
O medo faz crescer, faz a gente parar para pensar, nos faz rever algumas decisões e, vez ou outra, é um bom conselheiro. Permita-se sentir medo, os fortes também temem e por isso mesmo é que são fortes.
Sentir medo não é feio
Não mesmo. Apesar de, durante toda a nossa vida, sermos encorajados a enxotar o medo e não darmos muita bola para ele, de morrermos de medo de sermos vistos como fracassados, sentir medo não é feio. Talvez o medo lhe pegue numa hora ruim, aliás me arrisco a dizer que nunca é uma boa hora para sentir medo.
Pode ser que ele sente no banco ao lado do seu no ônibus ou no trem, que ele acenda o seu cigarro no intervalo do trabalho, que ele fique atrás da cortina quando você tiver fazendo a prova mais importante da sua vida. Ele também pode estar naquela ligação que a gente recebe de madrugada com o número de algum familiar, ou até mesmo neste momento que você está lendo o texto.
Companheiro de viagem
Lembro que, mesmo estando hiper, mega, blaster decidido a morar fora, o primeiro trecho no dia da viagem foi complicado. Era um vôo de 50 minutos, mas tenho certeza que foi o medo que pilotou aquele avião. A cabeça estava a mil, o coração podia ser sentido na garganta, a perna estava bamba.
Poxa, era a maior decisão da minha vida até então e eu digo: eu senti medo, mas muito medo mesmo. Sair da tranquilidade, da zona de conforto dá um medo desgraçado. Se desfazer das coisas, ir em despedidas, fechar a mala. O medo vai estar presente, acredite.
Morar fora: só erra quem tenta.
Controlando ele
Eu senti medo e acredito que muitos de nós que decidimos morar fora também sentiu e ainda sente. Mas eu estou falando de medo e não de pavor. Digo aquele medo saudável, medo que faz transpirar, que faz pensar, que faz chorar, mas não consegue nos travar.
Tem até aquele ditado que diz que se você está com medo, deve ir com medo mesmo. E é desse medo que eu estou me referindo. Não o pavor, não o desespero. O medo, assim como a coragem, precisa ser controlado e só nós podemos fazer isso. Ah, não é nem um pouco fácil, mas é necessário e essencial.
Chegou o momento de aprendermos a lidar com nossos medos.
Nova vida, novos medos
O medo não vai passar quando você começar a sua nova vida. Ele estará lá, ele sempre estará por perto. Na sua nova vida você vai descobrir que tem novos medos. É uma entrevista de emprego em um idioma que não é o seu, é pegar uma avião para um país nunca antes visitado e passar num controle de fronteiras, é não saber se vai ter grana para pagar o próximo mês de aluguel, é a incerteza do futuro. Com certeza, morando fora você vai descobrir que sente medo de coisas que antes nem passavam pela sua cabeça.
Morar fora: cada um sabe a dor que sente.
*Ouça também o Podcast Partiu Morar Fora, disponível no Spotify:
Sinta ele, mas não seja medroso(a)
Sentir medo não é ser medroso, são coisas diferentes. Estar receoso, angustiado e ansioso com algo que você ainda não viveu é normal. Você está sentindo medo justamente porque teve coragem. Não, não é contraditório. Você que decidiu morar fora está enfrentando todos os seus medos, de uma só vez.
Você tem coragem, você se mexeu, você está em busca de satisfação, quer realizar os seus sonhos e pode receber todos os adjetivos por isso. Podem dizer que você está cometendo uma loucura, que tem cocô na cabeça, que em pouco tempo vai se arrepender. Agora, você não ouvirá de ninguém que é medroso ou medrosa. Acredite, as pessoas que lhe julgam, no fim, são as que mais lhe admiram.
Morar fora: as vezes a gente só precisa de um abraço.
Medo sim, coragem sempre
Você tem medo, mas tem muito mais coragem. Os que estão lhe apontando o dedo e buscando lhe rotular queriam ter a sua coragem, queriam ter a sua alma. Sim, as pessoas do lugar comum, se pudessem, trocariam de corpo e de alma com os guerreiros corajosos que decidiram se jogar da montanha da vida.
Eles não podem, eles são medrosos e ficam, lá da tribuna, apontando defeitos da qual eles se orgulhariam de ter, falando bobagens e colando rótulos que eles adorariam carregar.
As vezes dá medo de estar morando fora, as vezes a gente se pega numa bad. Mas basta reorganizar a mente e os pensamentos, lembrar o que nos trouxe até aqui que isso logo passa.
O medo, para nós, é como a saudade. A gente aprende a lidar com ele, domina e entende que ele vai estar sempre conosco, mas não vai conseguir nos travar, não vai nos frear. Prefiro sentir medo realizando meus sonhos do que, por conta dele, abrir mão de tudo para que o frio na barriga não me pegue.
Sinto medo, mas também sinto coragem e sabe o que nos torna diferente daqueles que não querem trocar o certo pelo duvidoso? É o simples fato de que, nós que moramos fora, perdemos totalmente o medo de sentir medo.
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