É indo para longe que descobre-se como é bom estar perto. Morando fora descobrimos quem éramos e quem nos tornamos.
*Matéria atualizada em 21 de agosto de 2023.
Ir para fora, sair do seu país, da sua cidade ou do seu estado é entender que, talvez, tenha chegado a sua hora de bater asas longe do ninho. Ok, faz parte da vida, mas quando fazemos nossas malas não levamos somente roupas, livros e sapatos. Também embalamos nossas histórias, nosso passado, nossos amigos, nossa família, o que nos fez ser quem somos. Porém, ainda deixamos muito espaço para o novo, para aquilo que ainda não conhecemos e que estamos loucos para possuir. Viemos com objetos e, se um dia voltarmos, levaremos muito mais do que isso, sairemos daqui com centenas de experiências e sentimentos.
Morar fora: quem éramos e quem nos tornamos: contradições
Estando longe a gente descobre como é bom estar perto. Estando do outro lado do oceano entendemos o que significa saudade e que até o salgado do mar é outro. Conversando pelo WhatsApp/Skype é quando podemos aprender a falta que um abraço é capaz de fazer nas nossas vidas. Sabendo da morte de um amigo captamos, realmente, o sentido de perda e nos desce pela garganta o nó da impotência.
É assim, à distância, que percebemos quanta falta a nossa mãe, nosso pai e irmãos nos fazem. Foi e é assim, tendo que lidar diariamente com as contradições de morar fora, que deixamos de ser quem éramos e fomos nos tornando quem somos.
Cada um ao seu tempo
Uns mais depressa, outros mais devagar, mas todos mudam. Sem exceção. Morando fora, cada um ao seu tempo, vamos percebendo que algumas mudanças vieram para ficar. Alguns, por falta de opção, se tornarão mais duros, mais desconfiados e menos tolerantes. Outros se tornarão mais humanos, menos egoístas, mais abertos às diferenças e com uma capacidade infinita de compreensão do outro.
Morar fora é ter aula diária de empatia, de se colocar no lugar do outro, pois você deixa de ser quem era e agora, sendo um estrangeiro, você ocupa o lugar do outro. Morar fora pode lhe atribuir as características de um carrasco ou lhe fazer ser quem você nunca pensou que seria.
Morar fora: entre o agora e o para sempre.
Momentos
A vida passa a ser feita de momentos bons e momentos ruins, recortes do todo. São frames, fotos e pequenas coisas que nos dão força ou nos trazem fraqueza. A visita de bons amigos lhe faz a pessoa mais feliz do mundo por algumas horas, na mesma semana em que você se vê na necessidade de encontrar outro emprego para conseguir se sustentar.
Mais adiante chega aquele documento que você tanto espera e a vida, novamente, se mostra feliz. Em seguida você se pega pensando, no intervalo do novo emprego, como está a sua vida e a montanha-russa de sentimentos volta a habitar o peito.
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Altos e baixos
Subindo e descendo a vida segue. Conseguir encontrar um equilíbrio é quase utópico, mas nós vamos tentando. Todos os dias, todas as horas, minuto a minuto o que a gente aqui de longe mais busca é equilíbrio.
Caminhamos na corda bamba e somos inundados por sentimentos, dos mais diversos, a cada instante. De maneira extremamente intensa, rápida e sorrateira crescemos, nos vemos diferentes e antes que isso extrapole e saia de nós, precisamos fazer um auto-curso intensivo de entendimento de sentimentos que nunca tivemos e que agora precisamos lidar.
Morar fora e o desafio da gratidão.
Quem éramos e quem nos tornamos?
Olhando pelo espelho, ainda com muita nitidez, conseguimos ver quem éramos. Difícil mesmo é compreender quem estamos nos tornando ou já somos. Morando fora temos a oportunidade de mudar, a chance de aprender a aproveitar as pequenas e simples coisas da vida que nos fazem felizes.
Podemos fazer amigos de qualquer canto do planeta, é possível se doar um pouquinho e encontrar pessoas maravilhosas, tornar a experiência inesquecível. Claro que o contrário também é possível, mas não creio que alguém o faça propositadamente, por isso não acho válido comentar.
A mudança é perceptível e nós somos pessoas diferentes. Diferentes, mas não necessariamente melhores. Ampliamos nosso repertório, abrimos a nossa visão, expandimos nossas referências e tudo isso aconteceu com um molho denso de sentimentos e com um espectro de tempo estranho. Crescemos, amadurecemos e, sem dúvida, morar fora nos permitiu uma evolução.
Se vamos continuar por aqui não conseguimos responder de pronto, mas uma coisa é certa: nós já fomos de um jeito e hoje somos de outro e tudo isso graças ao poder da mudança, da chance de morar fora.
Morar fora: pare de se achar tão importante.
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