Morar fora é um convite a vivenciarmos nossas emoções de forma muita intensa, precisamos nos preparar. A tristeza no exterior lhe alcança?
A cada dia que passa parece que estamos com mais dificuldade em lidarmos com nossos sentimentos e emoções, realidade essa que reflete o quanto precisamos nos preparar melhor para o futuro que se aproxima. Muitos brasileiros que decidem colocar o pé na estrada ou que já vivem no exterior, ainda não priorizam o fortalecimento da saúde mental e esse comportamento pode gerar grandes efeitos colaterais no bem-estar ao morar fora.
Tristeza no exterior: como você aprende a lidar com ela?
Me parece que ao longo dos anos um consenso foi fortalecido de que não podemos nos sentir ansiosos, estressados, temerosos, de luto e tampouco tristes. A era da felicidade tóxica se instalou e nem todos os brasileiros que decidem morar fora estão preparados para as variações emocionais que o processo migratório nos proporciona.
Certa vez ouvi de um imigrante, “gostaria de aumentar a minha performance e não oscilar, sinto que há dias que me sinto bem e outros que me vejo muito estressado…”. Esse pensamento é muito comum e talvez até você já tenha pensado isso e o que eu pude explicar pra ele é que é natural variarmos, o que podemos aprender em um processo terapêutico intercultural é a fortalecermos as nossas emoções, para variarmos menos e sermos mais constantes.
A tristeza é considerada uma emoção, que pertence a natureza humana e surge quando há desencontros entre a realidade e as nossas aspirações, assim como quando nossas necessidades não são atendidas. Ela pertence ao nosso crescimento pessoal e não há como fugirmos dela, principalmente ao longo da jornada migratória ao morar fora.
Ela se difere da depressão por ser mais leve, durar menos tempo. Ou seja, ela vai se dissolvendo ao longo dos dias e pode gerar alguns sintomas do tipo: fadiga, choro e insônia.
Sua saúde mental está em risco no exterior e você nem se deu conta
Vida de imigrante: desafios
Se tem uma emoção que pode ser sentida por imigrantes e expatriados é a tristeza, afinal de contas muitas coisas não vão correr conforme planejado e muitas das nossas necessidades podem não ser atendidas ao longo do tempo, como por exemplo:
- Não nos sentirmos pertencentes ao local;
- Viver restrições financeiras;
- Não sentirmos que fazermos parte de um grupo social;
- Não sentir valorização profissional;
- Não se identificar com a cultura local;
- Ter a liberdade condicionada;
- Exposição a xenofobia e preconceitos;
- Distância dos familiares;
- Desintegração da própria personalidade.
Para além de toda essa realidade existem os sete lutos migratórios que nos atravessam e que nenhum brasileiro no exterior pode escapar, que são as perdas da família, cultura, idioma, rede social, status social, integridade física e da terra.
Se um desses já é desafiador, imagine todos ao mesmo tempo… Morar fora é uma realidade desafiadora, composta por seus sabores e dissabores, experiência essa que exige de todo brasileiro um fortalecimento do autoconhecimento. Mas acima de tudo, auto responsabilidade para conduzirmos a nossa própria vida, sem dependermos emocionalmente dos outros e sermos cada vez mais livres.
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Entenda o que fazer quando sentir-se triste
A tristeza pode surgir em nossa vida por diversas maneiras. Com sedentarismo, péssimos hábitos alimentares, deficiência nutricional, falta de suplementações, relações sociais pouco qualificada, ambientes de trabalhos tóxicos. Ciclo familiar empobrecido, relacionamento amoroso falido, contexto ambiental ansiogénico, baixo nível de autoconhecimento, vida financeira desequilibrada, adoecimento físico, questões climáticas, políticas e migratórias desfavoráveis.
Quanto mais nos conhecermos, mais fácil será estarmos fortalecidos em muitas das situações citadas acima. Imagine comigo, se você já percebeu que todas as vezes que se desorganiza financeira acaba ficando triste e estressado, logo poderá agir em prol disso.
Se nas idas de férias ao Brasil, estar muitos dias com seus familiares lhe entristece, tente mensurar qual o tempo e distância necessária para se sentir bem com você mesmo. A não exposição a situações estressantes e geradoras de tristeza é uma boa forma de manter-se estável e mais em harmonia possível.
Então aqui vão algumas orientações caso você esteja se sentindo triste constantemente ao morar fora:
- Reveja sua qualidade de vida, muitos brasileiros no exterior continuam repetindo padrões antigos;
- Busque alinhar suas expectativas diante da realidade disponível, por vezes sonhamos muito e realizamos pouco;
- Olhe ao redor e avalie suas amizades, as vezes eles representam uma grande fonte de frustração, nem todos os ciclos são pra você;
- Como vai a vida espiritual? Aos que consideram esse pilar, vale reservar um tempo de qualidade para suas práticas e rituais, como a oração;
Cuidados que todo imigrante deve ter
- A atividade física vai ajudar o seu Eu do presente e do futuro a terem uma vida mais fluída, aprenda a se cuidar;
- A nossa alimentação é poderosa para encontrarmos felicidade, assim como a ausência de alguns alimentos podem nos entristecer;
- Encontre guardiões de bem-estar, ter amigos os quais pode contar fará toda diferença ao morar fora;
- Respeite a sua necessidade de silêncio, aprenda a estar com você, para que quando todos os outros não estiverem, que não pareça o fim do mundo;
- Não se coloque em situações de desrespeito, por vezes nossas escolhas comprometem o nosso bem-estar;
- Durma bem, crie um ritual tranquilo para adormecer, uma noite de sono mal dormida compromete a sua visão da realidade;
- Se a tristeza no exterior perdurar por semanas, um psicólogo intercultural deve ser consultado.
Se você achou essa lista extensa e difícil de executar, pense em todos os benefícios possíveis de serem alcançados se você se comprometer com o seu bem-estar ao morar fora.
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Tristeza no exterior: conclusões
Viver no exterior é uma das tarefas mais desafiadoras que um brasileiro poderia escolher para própria existência, afinal de contas, estamos longe de casa e quase tudo nos parece estranho. Senão nos refizermos os combinados com a gente mesmo, poderemos voltar pra casa mais cedo do que imaginamos.
Eu e você, precisamos compreender que é natural nos sentirmos tristes ao longo do tempo, mas não o tempo inteiro. Se essa for a sua realidade, comece colocando em prática algumas das sugestões que apresentei aqui em cima. Eu lido com brasileiros no exterior há alguns anos e para além disso também vivo o que oriento, então estou aqui para dizer a você que é possível ser feliz no exterior, a partir do momento que aprendemos o que fazer! Chega de desculpas, vamos com tudo!
Em vez de desistir de tudo, que tal descansar um pouco?
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