Veja o depoimento do brasileiro Dimas que conta como é morar em Hong Kong na pandemia e como estão as restrições do território asiático.
Hong Kong está vivendo a quarta onda do coronavírus, apesar dos baixos números de casos. O importante centro financeiro asiático apresenta 8.610 casos desde o início da pandemia e 137 mortes. Com diversas restrições, o governo tem tomado medidas para conter a COVID-19. Com 7,5 milhões de habitantes, a cidade de Hong Kong faz fronteira com a China, mas é um território totalmente autônomo.
Como é morar em Hong Kong na pandemia
O site Vagas pelo Mundo conversou com o brasileiro Dimas Bornhausen Neto, que vive há quase 8 anos no território e nos contou como é morar em Hong Kong na pandemia.
1) Há quanto tempo você mora em Hong Kong?
Há quase 8 anos.
2) Quando começou a pandemia do coronavírus na China, você se preocupou com o que poderia estar por vir?
Eu não imaginei que se tornaria o que se tornou. Achei que fosse ser algo mais regional, afetando apenas alguns lugares aqui da Ásia, em específico China, Hong Kong e Macau.
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3) Quando você decidiu voltar para o Brasil para ficar com a família? Quanto tempo ficou?
Eu fui ao Brasil final de Janeiro, durante o Ano Novo Chinês. Tudo era muito recente naquele momento, não tínhamos muita informação, tudo era bastante confuso. Durante os dias em que eu fiquei no Brasil (Aproximadamente 1 semana); tudo se intensificou.
Eu retornei para a Ásia via Estados Unidos e ao aterrizar no aeroporto de Nova Iorque, naquele exato momento as companhias aéreas americanas começaram a oferecer a todos passageiros com vôos para China a cancelarem sua viagem; incluindo Hong Kong (posteriormente).
Ali fiquei na dúvida se eu devesse mesmo voltar ou não para Hong Kong, talvez fosse melhor esperar tudo passar. Porém continuei minha viagem e voltei para Hong Kong. Naquela época não existia quarentena, então ao chegar segui diretamente para minha casa, sem nenhuma restrição de nada, vida normal.
Durante aquela semana as coisas começaram a piorar onde então eu decidi ir para o Brasil, pois lá não havia chegado o coronavírus. Fiquei no Brasil até final de Maio.
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4) Como foi a sua volta para Hong Kong, em qual mês? Como foi a quarentena na sua chegada?
Muito cansativa, pois os vôos eram constantemente cancelados, sem aviso prévio. Minha conexão doméstica no Brasil cancelou em cima da hora, tive de ir de carro desde Gaspar-SC até Guarulhos-SP, tudo organizado no último minuto. Ao chegar, tive de fazer quarentena (naquela época podíamos fazer em casa, por 14 dias).
Fiz exame ao chegar no aeroporto, fiz todos os tramites burocráticos que levaram em média umas 3-4 horas; onde então o governo me levou para um hotel para passar a primeira noite (Custo por conta do governo).
Ao sair do hotel no dia seguinte, eu tinha umas 2-3 horas para entrar na minha casa e ali ficar pelos próximos 13 dias, com uma pulseira na mão controlada por GPS pelo governo.
Tive de baixar um aplicativo onde o governo controlava nossos passos, assim como eu também recebimento algumas ligações aleatórias do governo para checar se minha saúde estava bem e se eu estava mesmo em casa, cumprindo minha quarentena.
5) Como está a situação do coronavírus em Hong Kong hoje? Já é possível circular nas ruas tranquilamente? Há eventos, passeios, festas?
Estamos na quarta onda, que segue fora de controle. Os casos sobem, as restrições sociais também. Praticamente tudo está sendo cancelado, aos poucos, conforme a curva de casos vai aumentando.
6) Vocês precisam usar máscara nas ruas?
Sim, obrigatório por lei. Você pode ser multado, inclusive preso de descumprir as regras de isolamento social.
*A multa para quem não usa máscara nas ruas de Hong Kong é de 5.000 dólares de Hong Kong (cerca de US$ 645 dólares americanos).
7) Como você avalia as medidas tomadas pelo governo em Hong Kong para conter a pandemia? Foram eficazes?
Relativamente sim, porém existem algumas falhas. Acho que é um controle quase impossível de se ter, mas o governo tem se esforçado muito e a cultura das pessoas em Hong Kong contribui para que o governo possa controlar melhor a expansão do vírus.
Por já terem sofrido antes com casos como SARS, a população de Hong Kong compreende bem os riscos de um rápido contágio e atua prontamente a qualquer nova norma para um controle eficaz do vírus.
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