
A morte chega, como sempre, interrompendo sonhos e sorrisos.
O choro, a angústia, o desespero. Acordar com a notícia de uma tragédia nos traz, da pior maneira possível, a verdade. A verdade de que a vida é assim, que passa num instante, que não espera pelo título, que não tem paciência para aguardar a foto com o levantamento da taça e muito menos para assistir a volta olímpica depois do campeonato vencido. Para essa nossa vida pouco importa o preparo físico, se você veste a camisa verde ou amarela, se mora em Chapecó ou em Tóquio. A verdade é que, mesmo que seja duro de admitir e aceitar, a morte faz parte da vida, porém nada é capaz de nos confortar ou de nos indicar algum entendimento nesse sentido.
O sopro da vida, a velocidade com que tudo acontece, a urgência que temos de buscar a vitória, de correr em busca do título pode, por vezes, esbarrar no destino. Destino esse que, assim como a vida e a morte, são insensíveis e não costumam perdoar. Não perdoam porque não podem fazê-lo, porque o relógio e o tempo passam e são como carrascos, cumprem ordens máximas e não costumam falhar. Certeiros, eles pouco se importam com os que ficam para trás.
Hoje o dia amanhece, mas o sol parece não brilhar. O frio está mais frio, o calor mais quente, o suor gelado e a alegria não encontra espaço no dicionário. As lágrimas escorrem no rosto, é preciso buscar uma explicação que não chega e nunca vai chegar. Aconteceu uma tragédia, daquelas que nunca ninguém acredita e muito menos é capaz de antever. No estádio, lugar habitual de fortes emoções, hoje acontece mais uma delas, porém dessa vez não tem festa, não se ouvem as explosões dos fogos de artifício, não tem cor. Tudo está parado, quieto, sofrido.
No templo daquele time, a grama que sempre foi verde está cinza. A camisa que aproxima está unindo ainda mais. Entre abraços e muito choro, busca-se alento. Talvez esse alento não chegue, mas essa perda e tragédia servirá para unir ainda mais os cidadãos de Chapecó e do mundo. Aquele estádio será, como sempre foi, o lugar onde as emoções se encontram, onde a felicidade, algum dia, voltará a reinar.
Se algum dia conseguiremos encontrar conforto ou palavras para explicar o que aconteceu, não acredito. O que vai nos restando, como meros mortais que somos, é orar pelos que nos deixaram e jamais esquecer a trajetória dos que, mesmo na hora da morte, estavam unidos como um time. Que a força, a competência, a felicidade, a alegria e todos os adjetivos que faziam parte do time da Chapecoense sejam capazes de reverberar na alma e no pensamento daqueles que, agora, precisam lidar com a saudade, a falta, a incredulidade e o choque da precoce partida. Um time que sai de campo e entra no coração dos torcedores, dos cidadãos de Chapecó, de todos os fãs de futebol do mundo e das pessoas que se solidarizam com essa tragédia que teima em ser verdadeira, mesmo parecendo o pior dos pesadelos.
#ForçaChape