Passear e diferente de morar
Foto: Reprodução Pixabay

Passear não é morar e morar não é passear.

É muito comum a confusão entre visitar e morar. Tão comum quanto isso é ir para alguma cidade, estado ou país diferente e dizer: “ah… aqui eu morava… tranquilamente”. Porém, é preciso ter em mente que passeio é passeio e morar de verdade é morar de verdade. Lembro de visitar um amigo que vive em Londres e visitar, em cinco dias, lugares da cidade que ele, mesmo morando há vários anos, nunca colocou os pés. Mas não me indignei e me peguei pensando: “… morar é realmente muito diferente de visitar. MUITO”.

Não confunda as coisas

Muito legal poder visitar o país que você pretende viver antes de decidir morar finalmente, porém nem sempre isso é possível. Mas se for, tente não confundir a sua visita com a “vida real”, porque uma coisa é muuuuuito diferente da outra. Quando estamos ‘turistando’, vale tudo. Vale comer a qualquer hora, pegar o busão errado, se enganar no metrô. Na vida real isso não existe e, por conta da correria da vida longe da nossa primeira casa, o dia passa rápido, o trabalho esgota, a paisagem se torna comum, o horário apertado não permite erros, muito menos comer a qualquer hora.





Quem mora fora não é turista

Aos poucos a gente vai se acostumando com o diferente. A paisagem já não choca, o inverno não é mais tão frio, o verão passou tão rápido que a gente quase nem percebeu. As horas passam depressa, o trabalho é exigente, aprender a nova língua esgota. Fazer novos amigos consome muito do nosso tempo, a saudade anda sempre colada na gente e a rotina vai falando mais alto. Definitivamente nós não somos turistas, somos moradores estrangeiros de um novo lugar onde ainda não achamos o nosso sol, mas estamos lutando para encontrá-lo.

Um mundo que não aparece quando visitamosgrupo-FB

Reforçando a ideia de que visitar não é morar, quando estamos passeando vemos o mundo como um outro mundo. Parece que existe uma lente que não permite que vejamos coisas e fatos que, muitas vezes, estão bem na nossa frente. Há uma alteração nas distâncias, nos preços, no horário, nas sensações. Quando estamos de passagem, a saudade não encontra espaço, nossos olhos ansiosos querem ver coisas, monumentos e paisagens que ainda não estavam no nosso repertório. Há uma cortina, é um palco montado para que vejamos somente algumas coisas, não tudo. Visitar, definitivamente, não é morar.

Quando visitamos, sabemos que é temporário

O processo é quase o mesmo de quando vamos “de vez”. Nos planejamos, guardamos dinheiro, compramos a passagem, mas, nem de perto ir como turista se equivale a ir como imigrante. Não equivale porque, para irmos visitar não precisamos nos desfazer de nada, sabemos que a saudade não terá espaço na mala, que aquilo é temporário e que, muito em breve, estaremos de volta. Quando vamos para morar, só compramos passagem de ida, treinamos o nosso olhar para que ele esteja sempre pronto para detectar uma oportunidade. Nossa mente faz questão de aflorar verdades que, quando somos turistas e estamos de férias, nem passamos por elas.

livro “Morar Fora: sentimentos de quem decidiu partir”

Visitar é bom, mas morar é maravilhoso

Se você está pensando em morar fora, saiba que visitar o seu futuro local de morada pode ser uma ideia boa. Porém, lembre-se que mesmo que você queira, quando você chegar neste mesmo local para viver, será totalmente diferente de quando você foi como visitante. Sem filtros, a vida vai se apresentar e isso terá impacto. Você vai aprender a se virar, vai começar a perceber aquele mundo sem lentes, sem maquiagem. A verdade, no começo, poderá até doer, mas lhe fará grande. Você vai crescer, vai amadurecer e poderá perceber que visitar é bom, mas morar é maravilhoso.

E aí, quando você vai se jogar e morar naquele lugar onde costuma tirar férias?!

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*Cláudio Abdo publica textos sobre a experiência de morar fora todas semanas aqui no site Vagas pelo Mundo. Volte sempre!


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Cláudio é brasileiro e mora em Portugal desde 2014. Mestre em Ciências da Comunicação e Doutor em Estudos de Comunicação, é apaixonado por rock and roll e conheceu o beatle Paul McCartney pessoalmente. Sempre com uma boa história na ponta da língua, escrever é uma de suas paixões. Cláudio é autor do livro “Morar fora: sentimentos de quem decidiu partir”.

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