Morar fora a dois exige equilíbrio e muita clareza afetiva. Realinhando o relacionamento vocês conseguirão viver melhores experiências.
Não parece, mas três semanas do ano já se passaram e certamente você está com a sensação de que o tempo está voando, mais uma vez, não é? Há um tempo estamos sentindo isso e precisamos refletir sobre a nossa intencionalidade diante do nosso processo migratório, principalmente quando desejamos colocar o pé na estrada de forma acompanhada. Morar fora pode ser um sonho e se não tiver atenção podemos viver um pesadelo e comprometer nosso relacionamento afetivo com nosso parceiro (a). Se você sente que sua vida a dois precisa de realinhamento relacional, vamos juntos até o fim deste texto.
Realinhando o relacionamento para colocar o pé na estrada
Por vezes sonhamos em sair do nosso país de origem, viver em uma nova cultura, recomeçar do zero, mergulhamos em um novo idioma ou simplesmente sermos o que sempre idealizamos. Isso é possível e uma possibilidade viável para aqueles que se planejam, organizam e sabem fazer escolhas. Se você se identifica com essas palavras e possui um relacionamento afetivo, certamente faz planos contando com a companhia dele (a) não é? Feliz daqueles que podem contar com a presença de alguém para tornar a própria existência mais leve e tranquila.
Morar fora a dois exige do casal um realinhamento relacional bem afinado, os combinados precisam estar claros e precisamos ter uma consciência muito ampliada sobre tudo aquilo que damos conta. Nesta semana tive a oportunidade de gravar um Podcast com Amanda e Claudinho, sobre “equilíbrio do casal para morar no exterior” e lá conversamos sobre pontos preciosos que todo imigrante precisa ter em conta quando o assunto é equilíbrio relacional e se você ainda não ouviu, confira a íntegra.
Se você pensa em colocar o pé na estrada, mas percebe que seu relacionamento não está muito bem estabelecido, que vocês não têm uma boa comunicação, onde brigas são constantes e parece que estão mais desconectados do que Wifi em dias de chuva, pare por um momento e reflita sobre o que pode ser feito para vocês conquistarem um realinhamento emocional.
Vou morar fora e meu relacionamento como fica?
Primeiro seja um bom ímpar, depois um bom par
Costumo dizer para meus pacientes que se não soubermos ser um bom ímpar, jamais saberemos ser um bom par. Parece que estamos a todo momento esperando que nosso parceiro (a) resolva nossas frustrações e os responsabilizamos por não sermos o que desejamos. Esse movimento pode ser inconsciente e talvez nem tenha se dado conta, mas antes de realinhar seu relacionamento, busque olhar para você com atenção.
Pare por um momento, se retire de ambientes com muitas distrações, aquiete a mente e busque perceber como se sente nesta vida. Como vai o sono? Como vai a alimentação? Como vão as finanças? Como vai a vida profissional? Como vai a saúde mental? Como você está fora das redes sociais?
Essas perguntas parecem bobas, mas talvez você não tenha respostas para todas elas e é justamente por isso que você precisa parar por um momento e rever sua própria vida. Antes de se concentrar no realinhamento relacional, reveja o seu relacionamento com você mesmo.
O processo migratório sempre exigirá muito de nós e é por isso que seu autoconhecimento precisa estar fortalecido, caso contrário, em algum momento você vai se sentir perdido e esperar que alguém lhe resgate, mas se dará conta que longe de casa não há tantas pessoas a quem possa pedir ajuda.
Esse não é um recado para ativar nossa ansiedade e o nosso medo, justamente o contrário, serve para você se conectar a pontos que talvez tenham passado ao lado sem se dar conta.
Coluna: como vai o seu relacionamento com a ansiedade?
Realinhando o relacionamento: olhem para a relação juntos
Após fortalecer o seu relacionamento com você, chegou o momento de olhar para a relação, encontrar os pontos fortes, os pontos frágeis e as oportunidades de crescimento, para então alcançar o realinhamento relacional. Esse exercício não precisa ser feito sozinho, seria incrível se o fizesse acompanhado, afinal de contas, ambos são responsáveis pelo progresso dessa relação. Aqui vão algumas dicas:
· Separem um tempo de qualidade para pensar sobre a relação;
· Anotem pontos fortes, frágeis e oportunidades de crescimento;
· Apresentem essa listinha ao outro e conversem sobre ela, vejam o que apareceu em comum e o que talvez seja uma novidade;
· Esteja com o coração aberto para perceber o outro e se fazer perceptível;
· Não há espaço para críticas, julgamentos ou discussões, o foco precisa ser o crescimento, realinhando o relacionamento;
· Elimine interferências externas, animais, familiares ou atividades que podem esperar, concentrem-se;
· Talvez o exercício mexa um pouco com as emoções, fluam em lágrimas, sorrisos e abraços;
· Permitam-se estar conectados, talvez não vivam isso a um tempo;
· Por fim, estabeleçam combinados, o que ambos se comprometerão em fazer para que essa realidade seja diferente, caprichem!
Realinhando o relacionamento o casal encontrará alguns desafios, que exigem comprometimento, disciplina, constância e vontade, muita vontade de fazer diferente. Quando decidimos morar fora escolhemos abrir mão de tudo aquilo que conhecemos para acolher algo novo, não caia na armadilha mental de desejar a vida que tinha no seu passado, talvez ela não funcione mais no aqui e no agora.
Relacionamento no exterior: como planejar uma mudança em casal.
Fortaleça sua saúde mental
Talvez você esteja se perguntando neste momento, “para que fazer tudo isso e entrar em contato com todos esses pontos, o meu relacionamento está ótimo…”, será? Por vezes criamos uma fantasia em nossa mente que todas as coisas estão bem, que não temos problemas, que não há questões a tratar e o que surgir será facilmente resolvido…
Lembre-se que ao colocarmos o pé na estrada deixamos para trás toda a nossa zona de conforto e influência, ou seja, os problemas mal resolvidos no passado se tornarão ainda maiores longe de casa. Ajuste o que precisa ser ajustado antes de morar fora, tanto para que isso não comprometa o seu plano migratório, tanto para que você não se despedace.
A saúde mental importa e a sua precisa estar fortalecida. Não seja leviano com suas emoções e sentimentos, busque olhar para elas com atenção, respeito, acolhimento e muita maturidade.
Não podemos fingir que não estamos vendo, a vida cobra autoconhecimento e se não soubermos do que somos capazes e o que pode nos derrubar, estaremos numa posição muito sensível. Aprenda a se fortalecer internamente antes de desejar que o seu externo seja um bom alicerce para sua “estabilidade” e equilíbrio.
Leia também: Instabilidade emocional pode comprometer seu plano migratório.
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