mundo virtual
Foto: 1Eighty Digital.

Será que você faz falta no mundo virtual ou será facilmente esquecido?

Dia desses estava passando pelas minhas redes sociais e me deparei com um desabafo. Era alguém com alguns poucos milhares de seguidores e que estava se desculpando por ter “sumido”. Entre as duras palavras que li, encontrei uma espécie de grito pedindo ajuda com um bracinho no ar implorando para ser notado.


É difícil fazer falta no mundo virtual

E percebi como é difícil fazer falta no mundo virtual. Claro que conseguir a atenção das pessoas num mundo tão disputado e onde sobram talentos, por si, já não é uma tarefa simples. Entretanto, ao ler o “post desabafo” senti uma certa culpa. Um remorso por não ter notado que a pessoa que escreveu aquelas palavras pesadas tinha desaparecido.

Porém, eu mal sabia que o meu pesar continuaria. Pois li, reli e nem assim consegui escrever algum comentário. O que fiz foi colocar uns emojis na tentativa de dizer: calma, vai dar tudo certo e é normal precisar de um tempo para reorganizar as ideias. E continuar escrevendo algo como: seja bem-vindo de volta ao mundo de quem quer chamar atenção de algum jeito.

Morar fora: excesso de ontem, excesso de hoje e excesso de amanhã.

Exercício da gratidão

Todavia, mais tarde, mas ainda no mesmo dia, me peguei pensando que exercitar a gratidão é um gesto que devíamos cultivar. Claro e sei que já não fazemos isso no mundo real e que querer transferir isso para o virtual é utopia, mas comecei a pensar nas pessoas que sigo e que gosto no mundo virtual e no fato de quase nunca ter enviado uma mensagem, um agradecimento.

Foi então que decidi enviar email para os autores do podcast que eu mais gosto. Disse o quanto curtia o trabalho deles e incentivei para que continuem. Parece bobo e até pode ser que seja uma enorme bobagem, mas muitas vezes não conseguimos dimensionar o tamanho do bem que estamos fazendo para quem consumimos quando simplesmente escrevemos algumas poucas palavras ou linhas.

Por isso então estou criando um movimento interno, só meu, que grita comigo: SEJA GRATO, AGRADEÇA. É que a vida passa num instante, é que temos tantas coisas para consumir, tantos abacaxis para descascar que esquecemos de agradecer e notar aquelas pessoas que estão tornando o caminho por aqui menos pesado um pouquinho.

Morar fora: se eu já pensei em desistir?

Desde então, estou organizando uma lista com os nomes e contatos das pessoas que consumo na internet e tentando criar coragem para agradecê-las. Acredite que não é um processo tão fácil como aparenta, pois parece que a ideia de não ser notado enquanto espectador em um mundo dominado pelo espetáculo é ambíguo e vale para todos os envolvidos no processo.

Meu anjinho grita mandando eu agradecer e o diabinho com o tridente diz que eu não devo, pois não serei notado. Contudo, estou trabalhando minha mente para agradecer sem ser visto, enviar a energia boa sem esperar nada em troca. Sei lá e para facilitar o processo virtual, comecei a trazê-lo para o mundo real. 

Olha, nunca imaginei que ler um desabafo me faria ir tão longe. Passei a caminhar entre campos floridos e cheios de gratidão no mesmo instante em que enxergo um vale escuro lotado de culpa por nunca ter notado quem está implorando para ser visto, por nunca ter agradecido a pessoa que me fez sorrir ou até mesmo me deixou incomodado e me ajudou a mudar de atitude.

Morar fora: as vezes a gente só precisa de um abraço.

Será que somos suficiente gratos no mundo virtual?

Por fim e se você chegou até aqui me permita fazer um pedido: comece a agradecer as pessoas que você consome no mundo virtual e tente trazer isso para o mundo real. E faço o pedido tendo a certeza de que se fossemos treinados para agradecer no mundo real, no mundo virtual seríamos muito mais generosos e gratos (o que claramente não somos).

Agradeça mais, elogie mais e comece a enviar boas vibrações para as pessoas que estão te fazendo bem sem nem saber. É um sentimento excelente em todos os sentidos, pois nos torna pessoas mais legais, deixa a vida do outro mais interessante, aproxima mundos e faz a energia boa circular por todo o Planeta. Aproveito para dizer muito obrigado para você que chegou até aqui comigo, vamos em frente, sempre!

Aproveite para ler: Morar fora: a vida é um trem bala.

*Aproveite para ouvir o Podcast Partiu Morar Fora, com episódios novos:

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Cláudio é brasileiro e mora em Portugal desde 2014. Mestre em Ciências da Comunicação e Doutor em Estudos de Comunicação, é apaixonado por rock and roll e conheceu o beatle Paul McCartney pessoalmente. Sempre com uma boa história na ponta da língua, escrever é uma de suas paixões. Cláudio é autor do livro “Morar fora: sentimentos de quem decidiu partir”.

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