São milhares de vagas disponíveis no Reino Unido, porém a falta de profissionais está colocando em risco a retomada econômica. Saiba mais!
As vagas disponíveis no Reino Unido atingiram seus níveis mais altos desde o começo dos registros no país. Os dados mostram que atualmente existem mais de um milhão de empregos disponíveis e motivos não faltam. O gap causado pela saída do Reino Unido da União Europeia (BREXIT) e as restrições por conta da pandemia podem ter causado danos que serão duradouros no mercado de trabalho britânico. Contudo, o aumento no número de contratações está resultando também em um aumento no número de candidatos a emprego.
Existem mais de 1 milhão de vagas disponíveis no Reino Unido
Informações publicadas no site This is Money mostram que em março de 2020, havia 1,2 requerentes por vaga, mas agora quase dobrou e o número está em 2,2 requerentes por função em junho de 2021. Os dados são de uma análise recente feita pelo site de empregos Adzuna e o Institute for Employment Studies.
De acordo com Andrew Hunter, cofundador da Adzuna, diz: ‘Os últimos três meses foram transformadores para o mercado de trabalho do Reino Unido. Os empregadores estão ganhando confiança conforme a economia reabre e mais de um milhão de empregos são oferecidos, com setores como tecnologia, comércio e construção e logística e armazenamento liderando o caminho’.
Ainda para Hunter, “ainda há trabalho a fazer. Por um lado, os níveis de vacância voltaram ao pico pré-pandêmico. Mas, por outro lado, ainda há significativamente mais requerentes procurando todos os empregos do que antes da pandemia, com mais de oito candidatos a emprego por emprego em mais de 40 autoridades locais. Isso traz uma preocupação subjacente para o mercado de trabalho do Reino Unido – muitas das pessoas atualmente desempregadas não estão correspondendo aos empregos oferecidos, apesar de uma aguda escassez de talentos”.
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Mudanças significativas no mercado de trabalho britânico de um ano para o outro
Para Tony Wilson, Diretor do Institute for Employment Studies, “desde a virada do ano, passamos de falar de uma crise de desemprego para uma crise de recrutamento. Mas a realidade é que estamos enfrentando um pouco dos dois – com muitas empresas lutando para preencher vagas, ao mesmo tempo que mais de dois milhões de pessoas estão lutando para encontrar trabalho. Esses problemas são particularmente graves em muitas das áreas que estavam piorando antes do início da crise e que mais precisam de apoio quando saímos dela”.
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Os empregos com vagas disponíveis no Reino Unido mais procurados
De acordo com o site Adzuna, os cinco principais setores da economia do Reino Unido que estão atualmente com altos volumes de pesquisa são logística e armazém, TI, serviço social, administração, contabilidade e finanças. Os dados coletados pelo portal mostram ainda que também há uma alta demanda por empregos em grandes varejistas de alimentos, como Tesco, Aldi e Asda. De acordo com Adzuna, os empregos mais procurados atualmente são assistentes sociais, entregadores, armazéns, faxineiros e caminhoneiros.
Enquanto isso, os empregos voltados para profissionais qualificados mais populares no Reino Unido estão relacionados com as funções de desenvolvedor de software, engenharia, assistente de ensino e empregos de desenvolvedor NET. Os responsáveis pelo Adzuna dizem que esses são os mercados e profissões com dezenas de milhares de empregos no Reino Unido disponíveis.
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Trabalhos menos procurados
Em contraste, a pesquisa do Adzuna mostra que os dez empregos menos procurados ainda têm milhares de vagas disponíveis. O portal de empregos diz que menos pessoas estão se candidatando a cargos como enfermeiras domiciliares, cobradores de dívidas, solicitadores (em particular especialistas em propriedade comercial, emprego e direito da família), enfermeiras de A&E, avaliadores de propriedades, professores de suprimentos, fonoaudiólogos, professores de geografia e ciências, trabalhadores de apoio domiciliar e técnicos de HGV.
Muitas dessas funções têm sido tradicionalmente preenchidas por trabalhadores da União Europeia, mas as empresas em setores como hospedagem e hotelaria, assistência e logística têm dificuldade em convencer os trabalhadores britânicos a ocupá-las. Por isso, Hunter diz que “vendo menos competição de outros candidatos a emprego, essas funções podem ser grandes oportunidades para aqueles que procuram encontrar trabalho rapidamente, embora seja importante ter em mente que algumas dessas funções exigem qualificações ou treinamento especializado”.
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Países com maior competição
Como resultado da pandemia, há certas áreas onde a competição por empregos está mais acirrada no Reino Unido. A Irlanda do Norte responde hoje por cinco em cada dez das vagas mais competitivas para quem procura emprego. É também uma área que registrou demissões recorde no último ano, com mais de 10 mil pessoas perdendo seus empregos.
A Escócia também foi afetada de forma desproporcional, vendo aumentos acentuados na competição por empregos, incluindo West Dunbartonshire (onde a proporção de requerentes para vagas é 106% maior em junho de 2021 do que em junho de 2019), Aberdeen City (até 364%) e Dundee City (aumento de 45%).
Para Andrew Hunter, “essas áreas sofreram mais com as medidas locais de lockdown e geralmente dependem mais de setores que tiveram pior transição durante a pandemia, como hospedagem, alimentação e varejo, e os dados refletem isso”.
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Áreas com menos competição
A pesquisa de Adzuna descobriu ainda que existem pelo menos 33 áreas onde havia menos candidatos a emprego do que vagas. Estes incluem o bairro de Westminster em Londres (0,2 requerentes por vaga), Cambridge (0,2), Guildford (0,4), Winchester (0,4), Exeter (0,5) e Reading (0,5). Hunter afirma que “em geral, essas áreas estão agrupadas no Sudeste, Sudoeste e East Anglia, com muitas das áreas fortes centros de tecnologia e negócios”.
São áreas como essas onde os candidatos a emprego podem se oferecer como trabalhadores remotos para melhorar suas chances de emprego, especialmente antes de setembro, quando o fim da licença pode resultar em uma nova escalada da concorrência. Hunter diz: “Olhando para o futuro, podemos ver outro pico de candidatos a emprego quando as férias terminarem em setembro, já que alguns empregadores não serão capazes de manter o pessoal existente. A qualificação e o retreinamento serão cruciais para garantir que esse talento flua onde for necessário”.
Empresas britânicas relatam dificuldades em preencher as vagas disponíveis no Reino Unido
As empresas britânicas estão encontrando mais dificuldades para preencher vagas à medida que expandem as contratações após um afrouxamento das regras de bloqueio, um atrito que pode pesar na força da recuperação. De acordo com o portal Livemint, o Lloyds Banking Group Plc disse que sua pesquisa mensal com 1.200 empresas mostrou que quase um quinto relatou dificuldades em conseguir funcionários com as habilidades certas. Suas expectativas de emprego aumentaram por um quinto mês, chegando ao ponto mais alto em 2 anos e meio.
As empresas mais atingidas pela dificuldade em contratar empregados são as de hospedagem (hotéis etc.) e de transportes, especialmente as que possuem caminhões e atuam em logística. Por isso, as companhias estão lutando em busca de talentos e Tony Wilson, diretor do Institute for Employment Studies alerta: “Se não agirmos rapidamente agora para ajudar os empregadores a preencher os empregos e os desempregados a aceitá-los, poderemos estar preparando uma bomba-relógio para o próximo ano de escassez de mão de obra, inflação mais alta e desemprego de longa duração”.
Desafio para o governo do Reino Unido
As descobertas apresentadas no relatório da Adzuna representam um desafio para o governo do primeiro-ministro Boris Johnson. Para deixar tudo ainda mais complicado, o governo britânico deve reduzir seu apoio à licença para salários a partir desta semana. Com isso, os economistas deixam um alerta para um possível aumento no desemprego, já que as empresas que foram sustentadas pelo benefício serão obrigadas a tomar decisões sobre de quais pessoas ainda precisam.
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Regras de imigração no Reino Unido muito rígidas
Açougueiros, pedreiros e soldadores estão em falta, disse a Confederation of British Industry (CBI). A confederação está pedindo ao governo britânico que cite mais dessas ocupações em uma lista de carências que se qualificam para regras de imigração mais flexíveis. “Temos uma tempestade perfeita de fatores se aglutinando”, disse o presidente do CBI, Lord Karan Bilimoria. “Durante a pandemia, muitos trabalhadores do exterior deixaram o Reino Unido para voltar para casa. Enquanto isso, o COVID acrescentou grande incerteza”.
As descobertas aumentam as evidências de uma forte recuperação da pior recessão em três séculos, embora com um grupo muito menor de trabalhadores disponíveis. A escassez de mão-de-obra é exacerbada pelo êxodo de funcionários europeus e trabalhadores que abandonam empregos com salários mais baixos e menos seguros, especialmente no setor de hospedagem.
Alguns deles também deixaram o país antes do prazo estabelecido para os cidadãos da União Europeia que vivem no Reino Unido solicitarem o status de residentes permanentes.
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